Hoje assisti à sessão do Cinema Emergente Curtas 1 e o balanço é desinteressante. Abriu com Bathing Micky, vencedora do Prémio do Júri em Cannes'10, um documentário sobre uma idosa que pertence a um clube de banhistas e que desabafa sobre as mágoas da idade, que tem umas frases interessantes (uma reflexão semelhante à que um dia fez Saramago: "Envelhecer é ver os amigos morrer.") e umas expressões curiosas, mas nada mais. Seguiu-se Tre Ore, de Itália, uma história de uma menina que tem a oportunidade de falar com o pai, nas 3 horas que este pode estar fora da prisão, condenado por homicídio. Chega a ter deixas que podiam ter dado um filme muito interessante (quando a miúda lhe pede para ele lhe ensinar a disparar), mas não está nem vai a lado nenhum. Monsieur L'Abbé ameaçou seguir na calçada das outras duas, mas conseguiu surpreender nos últimos 10 minutos (de um total de 35). Todo o tempo é ocupado com imensas personagens, uma de cada vez, cada uma com direito ao seu plano estático (às vezes mais uma aproximação ou outra), em que reproduzem as várias cartas com questões práticas sobre a sexualidade, escritas a um padre da Normandia, na década de 30. Tem deixas bastante engraçadas e consegue erguer-se sem parecer a revista "Maria". Apesar de sofrer, a meio, pela grande repetitividade, alguns dos actores trazem um sentido peculiar e permitem-nos fazer associações engraçadas entre as suas ingénuas dúvidas (sempre temerosas de Deus, da moral e dos bons costumes) e a sua caracterização física, procurando descortinar quem serão eles. A última intervenção, o satisfatório grito de revolta das mulheres, é uma chapada de luva branca na mesquinhez da igreja, e a actriz era engraçadíssima. Seguiu-se Ámár, uma animação surrealista sobre uma visita de uma rapariga a um amigo, num hospital psiquiátrico. Interessante pelo grafismo, pelo uso do som e pela intensidade psicadélica; resulta. Sur La Tête de Bertha Boxcar, mais uma de França, pareceu reunir o consenso da audiência como sendo terrível e completamente incompreensível. Terminámos com Casa, de André Gil Mata, uma curta experimental de 4 minutos. Estava a ser muito interessante, muito fantasmagórica, lembrando aquelas fotografias antigas em que há uma pessoa meio transparente, que se diz ser um espírito, até à altura em que aparece alguém a limpar o chão e um velhinho.
Para amanhã, Sábado (tecnicamente, já é hoje), destaco a repetição de Les Amours Imaginaires, de Dolan, que abriu ontem o festival, Cleópatra e O Anjo Nasceu do herói independente Júlio Bressane, Neil Young Trunk Show, documentário musical do conceituado realizador americano Jonathan Deemme e ainda o documentário de João Canijo, Trabalho de actriz, trabalho de actor, sobre trabalhar os argumentos e as personagens com os actores. Não percam ainda várias sessões de curtas, nomeadamente a Competição Nacional 1, que mostrará Os Milionários, de Mário Gajo de Carvalho, um pequeno heist film de animação, que me despertou grande interesse. E há mais: deixo o programa completo.
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