Monday, March 22, 2010

Edge of Darkness (2010) - "Some secrets take us to the edge."


Já o tinha apresentado, há um par de dias, e eis que é o meu primeiro filme de 2010: Edge of Darkness (Fora do Controlo), um thriller sangrento que marca o regresso de Mel Gibson ao grande ecrã.

William Monahan (The Departed) conta-nos a história de um polícia que assiste à morte da própria filha, partindo em busca do assassino, julgando que ele próprio era o alvo. Parece-me um início bastante normal para um policial. Por esta altura, já tinha algumas coisas a criticar: 1) a primeira imagem (os três corpos a boiar, com o título em cima), que surge completamente descontextualizada de todo o filme, mais ou menos até metade - era dispensável; 2) talvez pudessem ter perdido mais algum tempo no build-up da relação entre Tom (Mel Gibson) e a filha (Bojana Novakovic) -tudo acontece muito depressa: vemos uma gravação antiga, dela, na praia, com um tom muito nostálgico; logo a seguir vemos uma adulta a ir ter com o pai; de repente, ela está doente e o pai, ainda que pareçam muito afectuosos, não sabe nada da vida dela; eis que leva um tiro; 3) se ele era o tipo de pai que nem visitava a filha (como nos vimos a aperceber) nem fazia a menor ideia da sua ocupação profissional, porque raio é que ela o tratava como se fosse o melhor pai do mundo ?; 4) poucos segundos antes de morrer, depois de dar claros sinais de doença, confessa ao pai que tem algo "que te devia ter contado" (e que, dado o contexto, tem a ver com o seu débil estado de saúde) - porém, esquecem-se completamente disto. Será que Tom nunca se lembraria do assunto ?

Segue-se a fase em que o detective resolve partir numa investigação paralela à da polícia (depois de ter convencido o superior de que deveria fazer parte da investigação) e em que começa a descobrir aquilo em que a filha estava envolvida. Surge uma complicadíssima teia de contactos e conhecimentos, entra o governo dos EUA, a "National Security", um Senador corrupto e uma gigante empresa que, alegadamente, produz armamento nuclear para fora do país. E, como dizer, todos juntos fazem um belo vaso - estão todos do mesmo lado. O problema, como já podem desconfiar, passa pelo facto de Emma (a filha) ter tentado denunciar tudo o que se andava a passar; agora, Tom, está a descobrir toda a trama que a filha já havia compreendido. Como reacção, para aniquilar qualquer suspeita, surgem dois feixes de acção, que se tentam equilibrar com acordos e cedências mútuas, o que acaba por não correr bem: de um lado, o monopólio impenetrável de segurança privada da própria empresa de investigação e desenvolvimento nuclear (o "feudo de segurança"), de outro lado, a mais prudente actuação da Segurança Nacional.

Também não é difícil de adivinhar que, feito este contexto, a cada prestação de informação sobre esta teia se segue uma morte. Não me lembro quantas foram, ao todo.

Mel Gibson parece-me perfeito para o papel, ainda que não tenha tido uma interpretação extraordinária e apesar da cena final, em que está "bêbedo de veneno", estar ridiculamente exagerada. É o polícia racional que tenta não lidar com a morte da filha para procurar respostas e, principalmente, vingança (ainda gostava de perceber porque é que ele nunca se assustou, ou achou estranho, com as visões que tinha da filha, em criança). Vai resolvendo a tramóia, mas acaba por não conseguir escapar ao fio fatídico que conduz o filme do início ao fim: morre enveneado, depois de matar o assassino da filha e o responsável pela empresa. Ao mesmo tempo, Jedburgh (Ray Winston), que havia sido enviado para tornar a investigação num quebra cabeças demasiado grande para se poder resolver, vira-se para o lado dos bons, assassinando o Senador e os membros da Segurança Nacional responsáveis pelo assunto. Logo de seguida, ele próprio, é morto por um simples polícia.

A confusão já não era pouca quando o filme termina com uma clara mensagem sobre a "afterlife" - Tom e Emma caminham, juntos, para a "luz" (literalmente). Foi estranho. E descontextualizado.

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