Wednesday, September 1, 2010

Três Grandes Obras Subvalorizadas, da década 2000

Foi com honra e apreço que aceitei o convite de Roberto Simões, autor do blog "CINEROAD - A Estrada do Cinema" a partilhar algumas, neste caso três, obras da década de 2000 que considero subvalorizadas, na sua já longa rubrica entitulada "3 Grandes Obras Subvalorizadas".

Podem consultar as minhas escolhas clicando na imagem a baixo.


Aproveito para deixar algumas considerações quanto à forma como procedi às minhas escolhas, citando um comentário que fiz sobre isso:

Assim que me foi feito o convite achei que ia ser complicadíssimo, pela grande ambiguidade que o conceito "subvalorizado" tem aqui, neste circunstância. O que é que eu deveria considerar ? Os júris (Academia + Festivais) ? A crítica (profissional + desportiva, como a nossa, na blogosfera) ? O box-office ? A relação entre o filme e o público, nas vertentes de opinião pós-filme ou considerações pré-filme (por exemplo, se não soubesse de quem era, eu nunca levaria uma adaptação da Pocahontas a sério) ?

Sem recolher qualquer informação, sem fazer qualquer análise, formei aqui na minha cabeça um grupo que me dá a sensação que é subvalorizado pelas pessoas à minha volta - estas não englobam apenas as críticas dos blogues que sigo (até porque, aí, há tendência em valorizar todos os filmes subvalorizados, provavelmente por uma sensibilidade diferente que se tem, por maior rotina ou diversidade de filmes); englobam também os meus amigos, etc (para mim conta muito, nesta avaliação, o ranking IMDB).

Não obstante o facto de os três terem visto ou, no mínimo, vislumbrado grandes prémios (Assassination nomeado para Óscares, Globos e Veneza; The New World nomeado para Óscar, sem nenhum Festival grande, o que é injustíssimo; Punch com uma nomeação e uma palma em Cannes), o que sinto, pelas minhas noções e observações, é que, no geral, estes três filmes são muitas vezes menosprezados.

15 comments:

  1. Queria agradecer desde já o comentário que deixaste que no meu blog e elogiar também o teu blog que tem posts sempre interessantes, uma estrutra exemplar e uma escrita perspicaz e essencialmente honesta.
    Relativamente a este post concordo contigo em relação ao Assassinato, belissimamente fotografado e realizado, com interpretações fortes, também Punch é um exercicio de realização fenomenal de P.T.Anderson que cada vez mais enaltece o cinema como uma magnifica arte. (Ainda não tive opurtunidade de ver o filme de Malick)
    Abraço e continuação do excelente trabalho.

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  2. Bom, sobre o Punch é muita a minha ansiedade para o ver, portanto não vou falar dele. Quanto aO Assassinato, confesso que foi com alguma desilusão que fiquei quando o vi. Tem uma recta final muito bem construída, interpretações louváveis, uma fotografia e planeamento de sequências exemplares, mas algo não funcionou, não sei se a algum nível como o argumento ou se, enfim, o filme não conseguiu atingir a alma do espectador que fui. E não me apetece revê-lo.

    Mas The New World. Sim, grande Cinema. É mais uma obra-prima de Malick (de tudo o pouco que ele fez e vi), é um exercício de espiritualidade e comunhão com a natureza, as personagens e o amor. Com todo aquele cunho que eu aprecio no realizador: naturalista, lento, contemplativo, existencialista.

    Boas escolhas :)

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  3. PEDRO: Muito obrigado.

    FLÁVIO: Vê o Punch, mesmo. Talvez seja suspeito, por ser um grande fã de PTA, mas achei o filme fenomenal. Começando pelo argumento adoravél, original e docemente cómico, até a uma iluminação minuciosa, bonita, saturada, plástica, uns ângulos e uns planos arrojados e muito bem planeados, música que complementa de forma brilhante. Tudo isto conjugado faz deste filme um grande, grande filme.

    Quanto ao Assassinato, eu quero revê-lo, um dia, mas não acredito que a minha opinião vá mudar. Mas lá está, a "expectativa" é um factor muito importante na impressão que um filme tem no público.

    The New World, é isso, disseste tudo.

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  4. Obrigado eu pela disponibilidade e participação. Espero que seja a primeira de muitas iniciativas conjuntas.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  5. ROBERTO: Também eu espero o mesmo e tenho a certeza de que assim será. Abraço.

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  6. Uma coisa que me irrita solenemente, são os rótulos. Mas isto a todos os níveis. E no cinema irritam-me os rótulos e a carneirada que vai toda atrás de filmes que às vezes não prestam.
    Tenho orgulho em todos os filmes do meu Top 10 que acham que contém muito conteúdo (lol) e não me importaram se ganharam Oscars/prémios ou não.

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  7. DORA: Antes de mais, obrigado por partilhares a tua opinião. Compreendo o que dizes, não compreendo o tom com que o dizes, se é que me faço entender. Também a mim me irritam algumas situações em que toda a gente vai atrás de uma ou outra crítica, como uma bola de neve, de forma exactamente "acrítica" e as situações contrárias, aquelas em que se vai exactamente contra a crítica, apenas para provar, ou forjar, uma independência e superioridade intelectuais. Mas nota, falei em "algumas", porque se há alturas em que parece que é isso que acontece, muitas outras há que não são assim. E às vezes podemos ser nós a fazer um julgamento errado dos motivos das pessoas.

    Não tenho problema nenhum em dizer que, como quase toda a massa do público, gostei muito de Inception nem em dizer que, ao contrário da maior parte dos entendidos, não gostei da Sonata de Outono, de Bergman, que acho que é um grande falhanço, como filme.

    Quanto a estas três obras, considero-as todas genuinamente subvalorizadas, pela simples razão de que acho que são melhores filmes do que foram pintados e recebidos pelo público (este meu entendimento parte da análise que faço a estes filmes e a outros, esses bem recebidos pelo público, para estabelecer um critério de comparação e relativização).

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  8. ToM? Então? Eu nem li o teu post todo. Não era nada sobre ti :-) Alguma vez? Nada disso.

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  9. Foi um belo texto de justificação que escreveste ;)

    Eu não vi nenhum dos três filmes -e pessoalmente, tirando o New World- nenhum me puxa muito.

    Mas acredito que sejam grandes filmes ;)

    Abraço

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  10. DORA: Tudo bem, eu não levei a mal ou assim, só estava a dar a minha perspectiva da situação do "carneirinho" ;)

    JACKIE BROWN: Muito obrigado. Tudo bem, mas não posso deixar de os aconselhar. Abraço.

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  11. Se fosses um carneirinho não vias e nem escrevias o que escreves e como escreves do Almodovar. E se assim fosse, eu não vinha aqui :-)

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  12. DORA: Muito obrigado pelas tuas palavras :D

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  13. Percebi perfeitamente a tua escolha e a forma como as fizeste. E, de acordo com a tua descrição e ao contrário do que muitos acham, eu concordo plenamente.

    São três obras bastante subvalorizadas. "The Assassination of Jesse James" é um dos meus filmes preferidos da década e é uma elegia belíssima. Teve azar em 2007 porque aquele foi um ano excepcional em filmes, com três filmes que logo à partida tomaram a dianteira da corrida (P.T. Anderson + Day-Lewis + masterpiece + Americano; Coen Bros + masterpiece + Cormac McCarthy + Americano; Knightley + Joe Wright + britânico + drama de período + prestígio) e depois foi juntado por um "Juno" que surpreendeu tudo e todos e um "Michael Clayton", ainda assim um bom filme, mas um nomeado mais "meh" que tinha de ser nomeado. E o "The Assassination" é francamente deprimente nalgumas partes.

    O "The New World" não tem o amor que merece por terras europeias em geral e não percebo porquê. O filme é formidável.

    E o "Punch-Drunk Love"... Maltido Adam Sandler e a horrorosa reputação que tem de comédias estúpidas. É que o filme é brilhante. Pena que poucos o vejam como mais do que "mais uma comédia do Sandler".


    Gostei muito. Abraço,

    Jorge Rodrigues
    http://dialpforpopcorn.blogspot.com

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  14. JORGE: Fico contente por concordares. Quanto à concorrência que Assassination teve no universo da Academia, é bem observado - gostei mais de There Will Be Blood e de No Country, mas não gostei mais de Atonement.

    Quanto ao New World, é isso, não se percebe.

    Quanto ao Punch, acredito que tenha muito a ver com isso, mas o homem está absolutamente perfeito naquele papel - o papel da vida dele.

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