Showing posts with label David Seidler. Show all posts
Showing posts with label David Seidler. Show all posts

Sunday, February 13, 2011

The King's Speech / O Discurso do Rei (2010)


Atravessou vários problemas de produção (financiamento para um filme sobre "gaguez"), teve ao leme um realizador nada habituado aos trejeitos oscarianos e partiu para a corrida quando um tal de "The Social Network" já andava a fazer estragos e a partir tudo o que era concorrência, nos escritos da crítica. Começa a aparecer lentamente. Um filme histórico é sempre uma peça de ver, e a prestação de Colin Firth começa a ser verdadeiramente badalada, à medida que crescem profecias sobre a forma como, desta vez, ninguém terá coragem de repetir a injustiça de 2010.


Da minha parte, e nos termos do resto da sociedade cinematográfica, creio, ia vendo O Discurso do Rei da mesma forma que fui vendo "Crazy Heart" no ano passado: um filme que era capaz de ser interessante, que valeria, eventualmente, pela prestação do magnífico casting. Mas eis que começa a borbulhar um hype inesperado, que ultrapassa o intérprete do Rei: aqui e ali, marca presença nos prémios da crítica, ainda ofuscado pelo trabalho de Fincher e Sorkin, de repente arrecada uma série de nomeações nos BAFTA. Começo a ver o filme com outros olhos e a desconfiar de uma cerimónia de dia 27 mais interessante; saltam cá para fora os prémios da especialidade e surge a inesperada vitória de Hooper nos DGA, entre outros.


Chega o dia em que vi o filme. Da história bonita, dos parâmetros histórico-políticos que lhe serviam de paradigma, da necessidade de manter um relativo convencionalismo (o que não significa fazer uma coisa fácil, ao contrário do que muitos pensam), surge um argumento em grande parte previsível. É, no entanto, uma previsibilidade bem tratada, com bons diálogos, disfarçada ao seu máximo, que entretém e envolve, que tem um final emocionante, que se materializa em três grandes prestações e numa realização fenomenal (para mim, o ponto mais alto) - esta, em colaboração com uma belíssima fotografia, uma direcção-artística de grande nível e um óptimo guarda-roupa, cria toda a atmosfera de suspense interno que sente o próprio Rei, a aflição que deriva das dificuldades em manejar o seu exponencialmente importante discurso, o isolamento e vergonha que enfrenta (note-se a alternância entre os grandes planos e os planos mais afastados, a Colin, contra a parede do escritório de Rush e o mesmo a este segundo; compare-se até).


Surpreendeu e penso que não só a mim. Não acho que seja o melhor filme da edição deste ano mas acho que é um concorrente de peso.

PS: Magnífica a banda musical de Desplat.