Showing posts with label Chloe Moretz. Show all posts
Showing posts with label Chloe Moretz. Show all posts

Saturday, February 11, 2012

Hugo (2011), what dreams are made of

 

Last year was as much a rocket launcher for future and change, as an inwards and unexpected unfolding of an old endearing photo album. The world throbbed when, from Tunisia, to Egypt, to Libya, the Middle East came into the streets protesting against war, repression and corruption, historical revolutions that may have meant the blossoming of a new era, the Arab Spring. Russia came along and the whole West kept fighting the uncertainty towards a wounded economic system, asking for a rethinking of strategies and values. Back in 1929-33, during the Great Depression, there was this big black box providing people with hope, laughs and cries, amazement. The dreamland, the movies. We can't avoid looking at this year's productions without recalling their eternal escape-providing nature, especially if we consider that three of its major masterpieces refer to the nostalgia of a golden age: Midnight in Paris, The Artist and now Hugo. A romantic comedy in the Parisian artistic circles in the twenties, a melodramatic comedy as Hollywood fostered sound and an adventure coming-of-age, praising the wizardry behind George Mélies' work.


Hugo, adapted by the exquisite craftsman John Logan from the book The Invention of Hugo Cabret, by Brian Selznick, blends the passionate film buff, with the masterful filmmaker behind Taxi Driver, Raging Bull and The Aviator, with the most engaging teacher, as author of documentaries on American and Italian cinema, with the historian and restorer that created The Film Foundation. Those are all Martin Scorsese, in one of the most personal films of his career. The story of a Dickensian boy hero, Hugo, who wrestles to fix an intriguing old toy machine, which he believes may contain the last message his late father left him. When he meets Papa George and his granddaughter Isabelle, we can barely suspect the 12-year old has the key to the heart that pumped some of the most remarkable and crucial advances in film, regarding storytelling, editing and visual effects. Although he lives on a structure designed for a younger target audience, thus the very funny lighthearted reliefs from the Station Inspector, the dogs and the old couple, the story goes tenderly deeper, unveiling child-like genuine and powerful thoughts about our purpose in life. Hugo truly re-opens someone's self, rather than simply wind up a gadget, as George Mélies arcs from a grouchy, bitter man suffering with a past long gone to the glorious figure we still remember today - magician, inventor, one of the greatest filmmakers of all time.
 
"I'd imagine the whole world was one big machine. Machines never come with any extra parts, you know. They always come with the exact amount they need. So I figured, if the entire world was one big machine, I couldn't be an extra part. I had to be here for some reason."

Grandiloquent crane shots and breathtaking travelings, from the world to a room, from a city to a face. Paris tickles with lights and sounds, motions fast blurring vehicles, and the first shot leaves us astounding at its clockwise cityscape, when it is suddenly replaced by the engines of a large clock in the Gare of Montparnasse. That's merely the initial glimpse of the brilliant force made by Logan's script, Martin's vision and Thelma Shoonmaker's talent. When a train crashes off the rails, it pays off Arrival of a Train to a Station by the Lumiére brothers and Mélies's A Trip to the Moon. The ending, after a third act made of a rainbowish, doc-lyrical, ultimate ode to dozens of the French director's works, translates the meta-themeline to the meta-technicae, when by using one of Georges' great discoveries, Scorsese transforms the character played by Ben Kingsley in the actual Mélies, in a screen inside a screen. An additional note of appraisal to the work of the rest of the cast, chiefly the much promising rookie Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Sasha Baron Cohen, and Michael Stuhlbarg. Nice cameos by Martin himself and Christopher Lee. Beautiful score by Howard Shore and the usual ravishing photography by Richardson.



Tuesday, October 26, 2010

Let the Right One In (2008) vs Let Me In (2010)

"Deixa-me Entrar - O remake que triunfou" é o título que abre a completa crítica feita pelo blog Ante-Cinema à versão americana do grande sucesso que foi o filme sueco Let the Right One In Cheguei agora do cinema e não podia estar mais em desacordo.


Num filme como estes, que se arroga de se classificar como terror/romance, há dois pontos essenciais, que precisam de ser tratados com o maior cuidado e coerência, como requisito para obter um bom resultado final: a atmosfera e os momentos altos (terror) e o desenvolvimento da relação entre as duas crianças (romance) - sendo óbvio que, no fundo, tudo contribui para a atmosfera. E, para mim, salvo pontuais excepções, das quais farei menção, foi justamente nestes aspectos que Let Me In não se conseguiu equiparar ao seu antecessor.

Contra uma atmosfera gélida, fria, apática, perturbadora, que se vive durante todo o filme sueco, com uma fotografia pálida e vaporizante, temos um alternar entre um frio mais bonito do que cru com um conforto laranja-dourado completamente descontextualizado. Este filme não podia ter zonas de conforto, que só me faziam pensar em lareira no natal em família, quebrando toda a soturnidade e tensão que antes se tinha (tentado) acumular. Quanto à música, bastante diferente, acaba por resultar bem - pinta os momentos das crianças de um romance completamente hollywoodesco, mas não funcionou mal de todo. A restante, foi uma boa construtora de ambiente. Continuo, aqui, a preferir o primeiro filme.

Em relação aos momentos altos, quero falar de três. O primeiro, é um dos momentos do filme de 2010, que nem acontece na versão anterior - o acidente de carro. Incrivelmente bem filmado, brutalmente envolvente, estonteante. O segundo, é a perda da mística que sofre a situação que dá o nome aos filmes - em Deixa-me Entrar, a situação de "deixa-me entrar" já aconteceu por duas vezes, uma com cada um, apesar de não ter acontecido nada, o que apenas lhe acrescentou alguma banalidade, em contraponto do incomodativo impacto que teve na película da Suécia.

O terceiro e que faz a ligação para a relação das crianças, e que tem a ver com a estrutura do próprio argumento americano, é a importância que é dada à morte do "tutor" de Abby/Eli, que, por ser o ponto de início in medias res, é banhado de uma relevância superior, por ser visto duas vezes e por ser inevitável senti-lo como gatilho de alguma coisa. Ora, a relação entre a pequena vampira e aquele homem, em nada interessam para este filme; apenas a sua relação com o rapaz - foi exactamente por isso que a versão sueca omitiu o tratamento do tema da pedofilia, deixando a natureza da cumplicidade de ambos em aberto (mas admito que gostei do tratamento dado por Reeves, que colocou o homem na mesma posição que o rapaz, com a diferença do passar dos anos).

Notas finais. Chloe é brilhante mas não serve para o papel, ou não serve tão bem como a actriz sueca. Gostei de McPhee no papel, por outro lado. Para além do acidente, outros dos momentos que achei bem conseguidos na versão americana foram o da primeira morte e o da aula de educação física no gelo -o da piscina esteve quase lá, mas faltou-lhe algum espasmo e sentimento de alívio, já no final. Um filme esteticamente irrepreensível não chega (e mesmo assim aqueles primeiros cinco minutos cheios de desfoque fizeram-me alguma confusão) - é necessário saber usar essa estética.

Saturday, May 15, 2010

Kick Ass (2010)

"Kick Ass", que estreou em Portugal a 22 de Abril, é o mais recente projecto de Matthew Vaughn (na direcção, guião e produção), Jane Goldman (no guião e produção) e tantos outros, mais ou menos conhecidos (como Brad Pitt, na produção).

As críticas, em geral, não são animadoras:

- é impossível gostar disto se não formos fãs da banda desenhada [em que se baseia o filme], nomeadamente porque não percebemos muitas das piadas;

- é um filme pretensioso que, ao auto-intitular-se como 'realista', rapidamente se torna numa 'fantasia' ;

- é de um irrealismo quase ridículo a partir do momento da entrada em cena da Hit Girl;

- a voice off com piadas irritantes.

Não podia discordar mais.

"With no power comes no responsibility. Except that wasn't true." - É esta a estória do filme.

A primeiríssima cena do filme está muito engraçada. A meu ver, lança logo um aviso quanto à forma, ou quanto a uma das formas, com que temos de encarar os 120 minutos que se seguem: sempre com a noção de que é suposto sentir-se um certo rasgo de comicidade, reconhecer um certo tom jocoso em cada cena. Trata-se de um sujeito, com um fato de super-herói e umas asas, a cair a pique de um arranha céus, qual Ícaro, perante uma multidão extasiada e a aplaudir, acabando por se espetar de cabeça em cima de um carro. Tudo isto em breves segundos, enquanto a tal voz off anuncia a premissa principal: porque é que nunca ninguém se lembrou de se tornar um super-herói que, ainda que sem poderes, combatesse o crime ? Porque é que não podem haver heróis sem poderes ?

Dave Lizewski (Aaron Johnson) é um rapaz de 17 anos que se interroga sobre isso. A sua vida é semelhante à de muitos super-heróis, antes de o serem (buzina a tocar *Peter Parker*, repetidamente). É um geek das bandas desenhadas (as piadas sobre o Batman, Homem-Aranha e Super-Homem são recorrentes, durante o filme -primeira crítica relativamente desmontada, já que nunca li bandas desenhadas dos senhores), com óculos, incrivelmente excitado com qualquer rapariga (seios são a sua principal fraqueza) e apenas se dá com dois rapazes iguais a ele. O seu único poder é "ser invisível para as miúdas". É incrivelmente indiferente para a sociedade.

A tudo isto se junta a inalterabilidade das suas rotinas (a sua mãe morre à mesa do pequeno almoço, com um aneurisma, para sua quase indiferença, numa cena fantástica em que o cenário em nada se modifica; apenas a mãe desvanece e os cereais continuam os mesmos) e a passividade das pessoas no combate ao crime (ele os amigos são assaltados várias vezes pelos mesmos rufias, sendo que na cena que vemos, há alguém a observar da janela, impotente).

Eis que Dave se decide a por fim a tudo isto e encomenda o seu fato verde e amarelo, a sua máscara, cria a sua página no myspace (afinal, é um herói das novas gerações) e se intitula de "Kick Ass". As suas primeiras intervenções não correm bem e acaba por ser brutalmente espancado, acabando no hospital.

Deixo aqui mais uma nota: ao tom cómico que evidenciei à bocado, entra aqui a faceta ultra-violence do filme. É pancada a sério.

Por esta altura, Katie Deuxma (Lyndsy Fonseca), a rapariga dos sonhos de Dave, assim como o resto da escola, julga que ele é gay (teoricamente, havia sido encontrado espancado e sem roupas, o que não foi verdade) - se antes não lhe ligava, agora, como todas as raparigas da nossa realidade, "i've alwas wanted a friend like you.". Os seus amigos convencem-no a manter o disfarce, para se aproximar dela. A sua vida começava a mudar.

Porém, o grande turn é quando, em Kick-Ass mode, ajuda um homem que estava a ser espancado por outros três - uma luta intensa, duradoura e bem filmada (como disse, pancada a sério). Alguns "espectadores" aplaudiram, deliciados, fez manchete dos jornais, apareceu nos telejornais e no youtube e alcançou os 16.000 amigos no myspace (contra uns míseros 38 da página de Dave, ele próprio).

Mas vejamos: trata-se de um tipo desajeitado, que não sabe lutar, sem experiência em nada de nada. Acaba por se meter em sarilhos e ser salvo pelo Big Daddy (Nicholas Cage) e pela Hit Girl (Chloe Grace Moretz). Quem são estes ? Big Daddy é um sujeito com um fato do Batman que esteve preso por causa do gang de Frank D'Amico (Mark Strong), algo que a sua mulher não aguentou, acabando por morrer, mas sem antes deixar uma filha. Hit girl é ... a filha. Com um esconderijo repleto de armas de todo e qualquer tipo, Damon Macready treinou arduamente a filha, Mindy Macready (assistimos a uma das sessões, chamemos-lhe "resistência a tiros") tornando-a numa 12 year old cold-hearted invincible ninja bitch.

Nova nota. A rapariga tem 12 anos e manuseia com mestria e precisão qualquer tipo de faca, arma de fogo e afins. É ela que vai espetar, rasgar, cortar, mutilar, fuzilar, enfim, destruir e matar tudo e todos a partir de agora. Revejam as críticas de que falei no início. Parece-me que uma visão como as tais só é possível se admitirmos que há uma verdadeira pretensão de realismo no filme, que, a meu ver, não há - o tal tom jocoso que devemos sempre levar em conta, torna esse realismo num pseudo-realismo, numa ironia saborosa.

É por isso que, daqui para a frente, experimentamos uma estranha mistura entre um humor-parvo subtil (cá vai mais um exemplo, vejam a segunda cena de "sexo" entre Dave e Kate, ou a frase que ela diz antes de o irem fazer, para ... as traseiras de um café) e uma violência explícita e surrealista. A mim caiu-me bem. Entreteve-me e fez-me rir. Mas é claro que chovem comentários e piadas com comparações em relação ao Jackie Chan.

A certa altura acaba por entrar em cena um outro super-herói: Red Mist (Christopher Mintz-Plasse). Trata-se de Chris D'Amico, filho do vilão Frank D'Amico, que tem como função atrair, primeiro Kick Ass e, depois, Big Daddy e Hit Girl, para as garras do pai, já que eram eles os responsáveis pelas mortes de dezenas dos seus homens. Inicialmente indeciso entre o bem e o mal, acaba por, nos segundo finais, se converter ao mal, lançando as sementes para a sequela (que chega em 2012), provavelmente adoptando uma postura de vingança da morte do pai.

Morte do pai ? Sim, é verdade. No climax, assistimos a uma autêntica carnificina essencialmente perpetrada pela pequena rapariga (vingando a morte de Damon, que acontece umas cenas antes). Porém, a certa altura, também para ela as coisas correm mal. É quando surge Kick Ass, finalmente a fazer alguma coisa de jeito, no seu jet-pack (quem já jogou GTA ?), acabando por utilizar a tão requisitada bazuca, num só homem.

O final é feliz, mas não o será por muito tempo. Dave parece até estar a adivinhar o que lhe espera num futuro próximo - "Kick Ass was gone. But not forgotten.".

Em suma: 1) gostei bastante; 2) acho que há uma inteligente intencionalidade em fazer o filme balançar entre o cómico-estúpido e a violência bruta; 3) acho que a Hit Girl é mesmo para ser encarado nessa perspectiva (ponto 2), como algo incrivelmente irrealista e impossível; 4) sinto dificuldades em ver Mintz-Plasse fora do McLovin; 5) boas músicas e excelente ligação com as imagens 6) grande louvor para Chloe, também grande responsável por achar que o papel da personagem resultou tão bem (grande promessa do cinema), outro para Aaron.