Saturday, January 22, 2011
You'll Meet a Tall Dark Stranger / Vais Conhecer o Homem dos teus Sonhos (2010)
Será profícuo e invejável o ritmo a que Woody Allen nos presenteia com as suas criações cinematográficas, ano após ano, sem falhar um único ano desde 1977 ? Ou será antes, socorrendo-me até da similitude das palavras para criar confusão, meramente prolífico e indesejável ? Com toda a complexidade e densidade que pode comportar a investigação, escrita, pré-produção, produção e pós-produção de um filme, atentando inclusive no trabalho de alguns dos maiores génios cinematográficos da actualidade (o maior, para mim, e grande paradigma para isto, Paul Thomas Anderson), será expectável continuar a ir ao cinema à espera de ver um novo "Annie Hall", "Hannah and Her Sisters", "Manhattan" ? As surpresas existem, é certo: "Match Point", em 2004 e "Vicky Cristina Barcelona", em 2007.
Vais Conhecer o Homem dos teus Sonhos é mais uma página na história do pensamento existencialista do grande cineasta, ao tratar os seus caríssimos temas da aproximação da morte, nomeadamente com o envelhecimento, da vida eterna, da espiritualidade, da procura do amor como um escape para a insignificância da vida, sob a égide da inevitável e, nesta filosofia, quase comovente traição.
A câmara está sempre no plano médio, evidenciando os gestos, as posições que retratam relações, os diálogos engenhosos e peculiares, muito fugindo à dramática inspiração que foi a obra de Bergman, o cineasta do rosto. Um misticismo interessante criado em relação à rapariga de vermelho, que é desvendado com sabor a pouco, que redunda numa evolução de uma relação bem construída mas que já não surpreende, embora seja bela a ironia de um dos planos finais, em que o marido observa a sua ex-mulher como outrora observou esta outra - a aleatoriedade, a incerteza, o papel do amor nas vidas como mero preenche-buracos. De resto, um argumento bem criado, limpo, com as típicas inter-relações sarcásticas e entristecidas entre várias personagens que encarnam a visão de Woody sobre a vida e a nossa participação na mesma.
Não é um grande filme, mas é um bom filme.
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Não li por completo a tua crítica :p porque quero muito ir ver o filme...e sem opinião formada! ;)
ReplyDeleteTambém estou curiosa pelo Hereafter!
Abraço
É um bom filme, mas é um filme como tantos outros que ele já fez. É uma reciclagem barata, que ele próprio ironiza com a personagem do escritor, que rouba a ideia do amigo em coma por desespero. E dá-me pena ver o Allen com isso. Gostava que ele se desse ao luxo de parar, de descansar e escrever um último filme. Mesmo que não fosse (esperaria que não, obviamente), podiamos voltar a Conhecer o Woody Allen dos Nossos Sonhos.
ReplyDeleteEu como é de Allen tenho mm de o ver, até agora não me tenho desiludido com os filmes dele - até agora e espero que assim continue ;)
ReplyDeletePrecisamente. Ele necessita de fazer uma pausa, reflectir mais no que faz. Nenhum deles é mau, nem este. Mas também não é bom. Só que não é suficiente nem para ele nem para ninguém. É aquém do desejável e vazio...
ReplyDeleteCATARINA,
ReplyDeleteTambém estou muito curioso por esse.
FLÁVIO,
Sim, é precisamente isso.
GEMA,
A mim também não se pode dizer que tenha desiludido, porque infelizmente tenho-me obrigado a calibrar as expectativas.
TIAGO,
Indeed.
Obrigado a todos pelos comentários ;)
Ainda não fui vê-lo, mas estou curiosa! Mas acho que vou ver o Hereafter primeiro.
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