Foram compilados e estão prontos para ser divulgados uma série de argumentos cinematográficos da autoria de Fernando Pessoa. Sob o título de Film Arguments, escritos em três línguas, o poeta português terá desenhado um conjunto de curtas histórias para cinema, ainda na altura do cinema mudo. São descritas pelos tradutores da obra em que serão lançados (Patrício Ferrari e Claudia J. Fisher) como thrillers, com toques de comédia, baseados em trocas de identidade, ressonância temática dos seus conhecidos e deliciosamente complexos versos. Além disso, terão sido encontrados planos do escritor para a criação da sua própria produtora cinematográfica, a Ecce Film, cujo logotipo terá sido desenhado pelo próprio. A obra, Obras de Fernando Pessoa, chega às livrarias a 08 de Julho.
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Friday, July 1, 2011
Fernando Pessoa wrote for the screen
Foram compilados e estão prontos para ser divulgados uma série de argumentos cinematográficos da autoria de Fernando Pessoa. Sob o título de Film Arguments, escritos em três línguas, o poeta português terá desenhado um conjunto de curtas histórias para cinema, ainda na altura do cinema mudo. São descritas pelos tradutores da obra em que serão lançados (Patrício Ferrari e Claudia J. Fisher) como thrillers, com toques de comédia, baseados em trocas de identidade, ressonância temática dos seus conhecidos e deliciosamente complexos versos. Além disso, terão sido encontrados planos do escritor para a criação da sua própria produtora cinematográfica, a Ecce Film, cujo logotipo terá sido desenhado pelo próprio. A obra, Obras de Fernando Pessoa, chega às livrarias a 08 de Julho.
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Monday, June 13, 2011
Fernando Pessoa
"O MENINO DA SUA MÃE
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe. "
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe. "
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