Sunday, February 13, 2011
The King's Speech / O Discurso do Rei (2010)
Atravessou vários problemas de produção (financiamento para um filme sobre "gaguez"), teve ao leme um realizador nada habituado aos trejeitos oscarianos e partiu para a corrida quando um tal de "The Social Network" já andava a fazer estragos e a partir tudo o que era concorrência, nos escritos da crítica. Começa a aparecer lentamente. Um filme histórico é sempre uma peça de ver, e a prestação de Colin Firth começa a ser verdadeiramente badalada, à medida que crescem profecias sobre a forma como, desta vez, ninguém terá coragem de repetir a injustiça de 2010.
Da minha parte, e nos termos do resto da sociedade cinematográfica, creio, ia vendo O Discurso do Rei da mesma forma que fui vendo "Crazy Heart" no ano passado: um filme que era capaz de ser interessante, que valeria, eventualmente, pela prestação do magnífico casting. Mas eis que começa a borbulhar um hype inesperado, que ultrapassa o intérprete do Rei: aqui e ali, marca presença nos prémios da crítica, ainda ofuscado pelo trabalho de Fincher e Sorkin, de repente arrecada uma série de nomeações nos BAFTA. Começo a ver o filme com outros olhos e a desconfiar de uma cerimónia de dia 27 mais interessante; saltam cá para fora os prémios da especialidade e surge a inesperada vitória de Hooper nos DGA, entre outros.
Chega o dia em que vi o filme. Da história bonita, dos parâmetros histórico-políticos que lhe serviam de paradigma, da necessidade de manter um relativo convencionalismo (o que não significa fazer uma coisa fácil, ao contrário do que muitos pensam), surge um argumento em grande parte previsível. É, no entanto, uma previsibilidade bem tratada, com bons diálogos, disfarçada ao seu máximo, que entretém e envolve, que tem um final emocionante, que se materializa em três grandes prestações e numa realização fenomenal (para mim, o ponto mais alto) - esta, em colaboração com uma belíssima fotografia, uma direcção-artística de grande nível e um óptimo guarda-roupa, cria toda a atmosfera de suspense interno que sente o próprio Rei, a aflição que deriva das dificuldades em manejar o seu exponencialmente importante discurso, o isolamento e vergonha que enfrenta (note-se a alternância entre os grandes planos e os planos mais afastados, a Colin, contra a parede do escritório de Rush e o mesmo a este segundo; compare-se até).
Surpreendeu e penso que não só a mim. Não acho que seja o melhor filme da edição deste ano mas acho que é um concorrente de peso.
PS: Magnífica a banda musical de Desplat.
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Parece muito feito para os Óscares. Firth foi genial em A Single Man. E espero que tenhas razão ao dizer que não é o melhor deste ano...
ReplyDeleteFrank and Hall's Stuff
Hum. Não espero grande coisa, aparte talvez as interpretações. Mas quero ir ver.
ReplyDeleteRoberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
BRUNO,
ReplyDeleteSó agora reparei que mudaste de "espaço", eheh. Sim, é mesmo filme de Óscar. Mas é mesmo agradável de se ver. Não é um grande filme; é um bom filme e sempre gostei mais do que do The Social Network.
ROBERTO,
Pelos menos das interpretações acho que vais gostar ;)
O filme vale imenso pelas interpretações e pela magnífica realização. Adoro também a banda sonora de Desplat.
ReplyDeleteÉ de facto um concorrente de peso e que vai tornar a Cerimónia dos óscares mais interessantes. Espero bem que não haja injustiças e que The Social Network "roube" os prémios todos, enfim.
Boa crítica =)
Grande Diogo,
ReplyDeleteEste filme é um bom filme. Não é, de certeza, o melhor do ano.
Eu e mais alguns colegas criámos um blog de cinema. De certeza que não será tão completo e informado como o teu, mas cumpre o seu objectivo de Hobby. Quando puderes, visita-nos (mas não já já que ainda não escrevemos nada com jeito...)
Abraço!
http://tvcineclube.blogspot.com/
Também estou curioso em ver a intepretação do Colin Firth. Mais do que o filme em si ;)
ReplyDeleteCumps
Parabéns pelo texto, muito interessante, acompanhas o percurso de um filme que começa como desconhecido e de repente apresenta-se como um forte candidato para o melhor do ano.
ReplyDeleteApesar de preferir o seu candidato "directo", Social Network, The King Speech é a minha aposta para este ano.
E compreende-se porquê,
Gostei muito da crítica, Diogo :)
ReplyDeleteAliás, como sempre. Gosto muito de ler a tua visão, mais técnica, do que se passa no filme, pormenores que ao meu olho destreinado e sem grandes conhecimentos passam despercebidos.
Este THE KING'S SPEECH é o que é: um bom filme, nada de extraordinário. Sentimental.
Cumprimentos!
Ahah, muito obrigado Jorge, fico contente :D
ReplyDeleteDe resto, é isso.