Depois da aplaudida estreia de Midnight in Paris, de Woody Allen, na abertura do festival de Cannes'11, no passado dia 11 de Maio, já é altura de passar a revisão à opinião geral que se vai formando, particularmente construída pela prestigiosa crítica internacional que todos os anos se concentra religiosamente às portas e nas cadeiras das sessões.
No segundo dia destacou-se We Need to Talk About Kevin, adaptação do livro de Lionel Shriver, vencedor de um dos mais importantes prémios literários no Reino Unido, o Orange Prize. É a história de uma mãe, interpretada pela maravilhosa e granjeadora de excelentes críticas no papel, Tilda Swinton (recentemente a prestar visita a Portugal, gravando um anúncio publicitário nos Restauradores, em Lisboa), que tem de lidar com a dor e angústia de uma relação com o filho, responsável por um massacre na escola, que tira a vida aos colegas e professores. O trabalho da realizadora, Lynne Ramsay ("Morvern Callar", "Ratcacher") foi particularmente elogiado, com garantia de força e intensidade visual e temática.
Restless, o primeiro filme de Gus Van Sant desde o Oscar pickMilk, conhece observações que foram apontadas ao filme de 2008, de mãos dadas com o mainstream (como também já tinha sido "Good Will Hunting", em 1997), eventualmente desiludindo os religiosos fãs da sua obra mais reflexiva, social e alternativa ("My Own Private Idaho", "Gerry", que muito deve a "Werkmeister Harmonies", de Tárr ou "Elephant"). As maiores reticências ficaram para o argumento, demasiado simplista e linear, talvez demasiado doce em contraste com a sua visão mais amarga dos anteriores filmes de culto. Bem recebido foi o trabalho do cinematógrafo Harris Savides, e as prestações dos protagonistas Mia Wasikowska e Henry Hopper (filho do falecido Dennis Hopper). A história é a de uma peculiar história de amor entre uma jovem doente terminal e um rapaz que gosta de assistir a funerais acompanhado do seu amigo fantasma, outrora um piloto japonês da II Guerra Mundial.
No terceiro dia chegou Habemus Papam, julgado como uma inteligente, "bem escrita, e surpreendente comédia mainstream do realizador italiano Nanni Moretti, sem descurar as várias considerações filosóficas. Michael Picolli (actor de culto, tendo trabalhado com alguns dos mais importantes realizadores da história do cinema, nas mais diversas correntes e estilos) é, contra a sua vontade, o recém-eleito Papa (de onde vem a expressão latina do título). Moretti interpreta o psiquiatra que o irá a ajudar a ultrapassar o pânico, criando uma aparentemente incrível história sobre poder, fragilidade e solidão que, se obviamente caiu mal colo da igreja, chega a ser acusado de não ser suficientemente irreverente. A sensibilidade do filme também mereceu destaque, com referências à fotografia e à direcção artística.
Das possíveis surpresas, Toomelah, da Austrália, surge com problemas de ritmo e energia, Miss Bala, do México, sobre tráfico de droga, consegue mais algum interesse mas sem fugir a vários clichés e o mais interessante parece ter sido Hard Labor, na secção Un Regard, o primeiro trabalho de Juliana Rojas e Marco Dutra, do Brasil, que traz a interessantíssima conjugação do terror e das dificuldades económicas.
No quarto dia chegou, com a presença de Johnny Depp e Penélope Cruz, a maximizar o mediatismo do festival junto de um público mais vasto, a quarta parte da saga Pirates of the Caribbean (On Stranger Tides) e dividiu opiniões. No entanto, as mais positivas ficam-se por "um bom filme" ou "um bom regresso de Jack Sparrow", por vezes "um filme divertido", com elogios à visão do novo realizador, Rob Marshall e não conseguem fazer frente às acusações de repetitividade, aborrecimento, previsibilidade e falta de mecanismos narrativos capazes de prender o público à cadeira.
A grande surpresa do dia veio de Michael, realizado pelo director de casting de Michael Haneke, Marcus Shleinzer, também austríaco. Um filme cru e realista, que vincadamente dividiu opiniões, como faz sempre o realizador de "The White Ribbon", retrato de uma relação entre um pedófilo e uma criança, ora congratulado por ser "um triunfo de um cinema difícil", ora acusado de ser completamente sem escrúpulos.
Os irmãos Dardenne fizeram furor no quinto dia e já há quem profetize a sua terceira Palma de Ouro ("Rosetta", em 1999) e "L'enfant", em 2005). Com Le Gamin au Veló, protagonizado com vigor e poder por Cécile de France e Thomas Doret, é a história de um pequeno rapaz de procura apoio numa mulher, depois da morte do seu pai. O filme foi considerado "fresco" e capaz de tocar a esfera mais mainstream.
Talvez a maior revelação do festival seja The Artist, do francês Michel Hazanavicius. A história passa-se na Hollywood de 1927 a 1931, em plena studio era, e retrata a queda de uma estrela de cinema e a ascensão de outra, respectivamente, ele e ela. Até aqui, já me soava a algo suficientemente interessante. Partindo, depois, de um belíssimo poster, chega a noção do arrojo do realizador: este é um filme sem som e foi considerado como uma peça extremamente divertida, emocionante e capaz de captar todos os trejeitos do cinema mudo, em óbvia e respeitosa homenagem aos filmes da altura. Para já, o filme será distribuído em França pela Warner Bros. France e nos EUA pela Weinstein Company. Após a sua estreia, é já considerado um fortíssimo candidato a vencer a Palma de Ouro e a chegar aos Óscares em 2012.
Na quarta feira, chega Melancholia, de Lars von Trier, do qual já há um novo clip.
Para terminar, relembro que hoje é o grande dia; provavelmente o dia mais esperado neste edição do festival. Ao fim de muitos anos de tropeções de produção, Terrence Malick chega com Tree of Life, cujas imagens deixam antever um incremento de intensidade e beleza na forma como o autor filma a natureza e a faceta mais bonita deste nosso mundo. Deixo-vos o novo clip, que é o mais próximo que a maior parte de nós estará de ver o filme esta noite.
Os cerca de 3000 mil jornalistas que estão presentes no festival, no âmbito das sessões a eles especialmente dedicadas, já viram o filme e as apreciações são múltiplas e divididas. Como exemplo, talvez sirva a divergência nacional entre Vasco Câmara e João Lopes: o primeiro condena o filme por fazer uso da voz off para passar o que de outra forma não consegue; o segundo acredita que é imperativo a Palma calhar ao norte-americano, considerando o filme "uma experiência inédita".
Foi ontem divulgado o primeiro trailer do novo filme do cineasta dinamarquês, Melancholia, com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbrourg, Alexander Skarsgaard e Kiefer Sutherland. Pessoalmente, adorei, e agora as expectativas estão altas.
Adorado por muitos, odiado por tantos outros, dicotomia que nada mais faz do que evidenciar que tudo se passou dentro da normalidade, neste trabalho de Lars von Trier, que acabou por vencer a Palma de Ouro, no festival de Cannes. Por mim, não deixou de ser um dos melhores do ano e, como tal, dos melhores da década.
Dancer in the Dark é uma estória de sofrimento e sacrifício pessoal, na esfera da maternidade e do sonho/ambição, aqui retratada de forma peculiarmente paradoxal, pois todo o melodrama, intenso e emocional, é filmado de forma rotineira, pouco preocupada, com uma arrogância própria face aos dilemas da vida. É isto assim graças ao falso cumprimento do famoso Dogma 95, que, se já não havia sido respeitado à risca em "Os Idiotas", muito menos o foi aqui - desta vez, existem cenas de violência, trabalho de luminosidade, música não-diegética, efeitos em computador e câmara estática. Por entre uma câmara instável, aparentemente amadora, com pouca saturação, através de uma tentativa de reduzir os efeitos pós-produção ao mínimo, assistimos à magistral performance da cantora islandesa Björk, uma mãe pobre e cega, que luta para se sustentar a si e ao filho, procurando juntar dinheiro para lhe pagar uma operação aos olhos, que o resgate do destino que ela já arduamente trilha, e que enternecedoramente mantém acesa a chama de um dia vir a ser uma estrela de um musical.
Sucedem-se os acontecimentos dramáticos que acabam por destruir a vida de Selma, acompanhados por momentos musicais belíssimos (não de uma forma complexa, gloriosa e musicalmente épica, mas sim de forma simples e passageira), em que as cores gastas dão lugar a uma luminosidade extra e em que a câmara finalmente estabiliza por uns segundos, produzindo-se, desta forma, um acumular de tensão sofrível, efemeramente amparado pela resistência da esperança e da ingenuidade da personagem principal, e, sendo a emoção despertada me nós, espectadores, amparado também pela nossa própria piedade. No entanto, o crescendo sente-se, e não sendo aflitivo, não deixa de ser perceptível, culminando numa última cena aterradora, comovente e gritante, que opõe a melodia da vida e do triunfo do amor ao vácuo do silêncio mórbido e repentino.
A trilogia "Europa" é o conjunto das três primeiras longas-metragens do realizador dinamarquês, que não se identificam pela estrutura narrativa, mas sim pela técnica (a introdução da rear projection) pelo estilo, filmagem e efeitos (Europa seria o percursor de The Schindler's List) e pelo sempre presente herói que acaba por contribuir para o triunfo da desgraça. Em todos os três filmes, muito especialmente em Europa e em The Element of Crime, somos envolvidos numa profunda reflexão sobre as motivações, as ânsias, as dúvidas, sobre todo o psicológico do nosso personagem principal de uma forma brilhante, no limite do mágico.
3. Epidemic / Epidemia (1987) Protagonizado por von Trier e por Niel Vorsel, este filme conta a estória de dois argumentistas que escrevem um argumento sobre uma terrível epidemia que se abate sobre a Europa e se propaga a uma velocidade assustadora, sem qualquer antídoto em perspectiva. Na sua imagem a preto e branco, a claridade como maior fatia da cinematografia e uns tons de verde azulado deixam transparecer uma atmosfera realmente doente. Paralelamente ao trabalho dos argumentistas, assistimos ao filme que estes vão escrevendo: um médico idealista rompe com as correias da racionalidade que os seus colegas sobreviventes tentam impor-lhe, para se lançar numa utópica corrida pelo salvamento de inocentes. O filme, em si, não nos diz muito e diz-nos muita coisa. É considerado um dos maiores auto-retratos do realizador, sem que se compreendam muitas das suas incursões. Consegui achar alguns pedaços de humor, em alguns diálogos entre as duas personagens principais e senti que a pressão que os dois sentem ao ter de escrever um argumento com pouco tempo contribui, juntamente com aquele sentimento de não saber bem o que quer dizer o filme, para reconhecer validade a uma declaração de Lars von Trier: "um filme deve ser uma pedra no sapato.". Na verdade, fiquei mesmo com um nó na garganta, depois de ver este. O nosso herói acaba por contribuir para o mal que quer eliminar, já que o médico da estória dentro da estória acaba por descobrir que é ele mesmo que propaga o vírus. Não chegasse isso, no final da estória fora da estória, assistimos a uma aterradora visualização da forma como uma epidemia surge na vida real, como se fossem os próprios cineastas os criadores de todo o mal. Perturbador.
2. The Element of Crime / O Elemento do Crime (1984) Uma obra extraordinária sobre a eterna dicotomia entre a realidade e a fantasia, edificada sobre a loucura de um homem e sobre o rasto de morte que persegue e que acaba por o consumir. Ficsher (Michael Elphick) está no Cairo a contar, sob o efeito da hipnose, a sua última experiência na Europa, para onde foi chamado para resolver um crime hediondo. A pausada e serena voz do narrador e de Fisher, quando começa a contar a sua história, e as indicações do hipnotisador, deixam-nos logo em modo de partida para uma apreciação do filme em estado intencionalmente dormente. A cor do filme, sépia com intensidade no amarelo, o constante recurso à imagem e ao embalador som da água a escorrer ou a cair, envolvem o espectador na profunda, perturbada, confusa e melancólica consciência do personagem principal, passando por cenários surreais e pouco aprazíveis, num distópico continente fustigado pela Guerra. Nunca sabemos bem o que faz parte da realidade e o que faz parte da sua imaginação, moldada pela traumática experiência que viveu (por exemplo, a associação da imagem do burro à fantasia e a sua aparição ao longo do filme). Fisher conta que voltou à Europa para resolver um crime que, vem a perceber, em muito se assemelhava aos "crimes da lotaria", uma série de assassinatos perpetrados havia alguns anos. O método que segue é o de Osbourne (Esbound Knight), seu antigo mestre, o grandioso teórico da Criminologia que havia editado o livro "O Elemento do Crime", sobre como a entrada na pele do criminoso é a chave perfeita para a resolução de um caso. Osbourne está velho e louco. Afirma que Harry Grey é o autor dos massacres, com base num velho relatório elaborado pelo mesmo, três anos antes do primeiro crime. Porém, Grey terá morrido antes desse primeiro crime, num acidente em que Osbourne estava presente. Como é possível ? Não será isto fruto de uma ameaça de Harry ? O que sabemos é que a alma do antigo professor não mais aguenta o facto de achar que apenas contribui para o desabrochar da criminalidade, acabando por se suicidar. Fisher decide perseguir Harry Grey sendo Harry Grey. Procura os mesmos lugares, dorme nas mesmas camas. A certa altura, encontra Kim (Me Me Lai), uma prostituta, com quem tem um sexo ao mesmo tempo frio e intenso, em circunstâncias que novamente nos fazem duvidar da veracidade da estória do polícia, e que contribuem para associarmos a personagem a uma alma vazia. Kim ajuda-o a entrar no papel do assassino, dando-lhe uns comprimidos para reproduzir as suas enxaquecas, atirando Fisher para um novo nível de sofrimento, desta vez físico. Por diversas vezes, lembra que "Harry Grey passou metade da noite com a Kim", claramente referindo-se à nossa personagem. Será assim mesmo ? Julgo que sim, acabando por ser um indício do fatal fim que se aproxima: Fisher descobre que Kim dormiu mesmo com Harry Grey; aliás, tem um filho dele. "Harry Grey passou metade da noite com a Kim.". A esta altura Fisher já é tão Harry Grey como o próprio. Ao vestir-se do criminoso, não conseguiu nada se não sê-lo - a prova disso é a relação com a prostituta. Como um louco, assoma à janela e dispara vários tiros para o além, exactamente como fez Osbourne da última vez que o vemos com vida, já em delírio, num cume do êxtase de histeria. O final parece quase inevitável. Fisher acompanha uma rapariga pequenina a um local onde esta deve encontrar-se com o criminoso, sozinha, para que ele lhe compre muitas "raspadinhas". As centenas de garrafas no chão do local de encontro, perfeitamente dispostas, evidenciam, uma vez mais, o carácter surreal da estória. Após alguns momentos de suspense, sons. Um amuleto, em forma de cabeça de burro, o símbolo do assassino, cai do bolso do nosso herói, que apenas o guardava como prova. A rapariga, apavorada, julga estar perante a encarnação da sua sina e Fisher, consumido pela cegueira e pela obsessão do homem em que tentou transformar-se, torna-se ele mesmo o desprezível monstro que tenta destruir.
1. Europa (1991) Um jovem rapaz, Leopold Kessler (Jean-Marc Barr), vem de uma acolhedora América para uma Alemanha completamente destruída pela Guerra, onde o desemprego e a inflação fustigam toda a população e onde as doenças se propagam. Os segundos iniciais em que somos conduzidos, em primeira pessoa, por uma linha de ferro, são acompanhados por uma característica voz de serenidade, que nos prepara para o que vamos ter quando chegarmos "à Europa", quase empatando a nossa expedição, tentando fazer-nos parar. A imagem está quase sempre a preto e branco, com o grande papel das tenebrosas cenas na caracterização grotesta do continente a que chegamos. Kessler vai trabalhar para os caminhos-de-ferro para ajudar a reconstruir o país de onde partiu. Na verdade, o desenvolvimento dos transportes é um dos pontos fulcrais para a recuperação social e económica da ex-potência mundial, que assume, desde logo, uma nova filosofia de cooperação e união, ao empregar um estrangeiro apesar os inúmeros desempregados nacionais que vão desesperando. Mas a paz não vive descansada. Os lobbies contornam as novas regras e a resistência nazi ainda se faz sentir. Max Hartmann, dono da companhia ferroviária onde trabalha Kessler, a Zentropa, consegue a cooperação de um judeu, num processo de inspecção, para se livrar de possíveis acusações de colaboração com o III Reich, mas apenas até se suicidar. A cena é absolutamente brutal, com o sangue a transbordar da banheira e a fluir até ao corredor, para terror da sua filha Katharina e de Leopold. O resultado de uma consciência pesada, que nos deixa a balançar entre a o contentamento pelo castigo que sofre, e a complacência com o arrependimento profundo que revela sentir. É este último que acaba por prevalecer, com a luta clandestina que várias pessoas têm para garantir um funeral digno ao empresário. Depois da cena da banheira, são as cenas entre Leopold e Katharina aquelas em que surge a imagem a cores, um reforço da emoção, da esperança que pode emergir. Uma paixão que brota e que admite sobrepor-se a todas as dificuldades, com a cena de sexo em cima de uma linha de comboio em miniatura simbolizando, julgo eu, a superioridade da sua relação a qualquer guerra, a qualquer reconstrução, a qualquer intriga ou traição. Tudo acaba por complicar-se. Sem querer, Kessler é cúmplice no assassinato de um político da confiança dos aliados. A confusão instala-se no seu interior e o medo eleva-a ao estado de loucura quando os Werewolf, resistência nazi, raptam a sua amada, exigindo que coloque uma bomba no comboio, aquando da passagem numa ponte. É a partir daqui que assistimos aos verdadeiros desafios do nosso personagem. Chega como herói e tem de sair como mais um dos cultores da desgraça. Chega como um romântico enamorado e tem de sair um desgraçado viúvo. Chega como um estagiário promissor e enfrenta um exame que não consegue levar a sério, por tudo o que o perturba. Agora, tudo se passa num comboio, um espaço fechado mas em contínuo movimento, criando a dicotomia entre a claustrofobia, o destino fatídico da perda a que não pode fugir (ou o seu amor ou a sua dignidade/lealdade/patriotismo) e a estrada infindável, a esperança de um novo rumo. O twist final é absolutamente fantástico. Katharina era ela mesma um membro do grupo nazi Werewolf, ainda que lute por autonomizar a influência que deveria exercer sobre Leopold do amor que acabou por sentir por ele. Desesperado, louco, finalmente deixando para trás a ingenuidade que o trouxe à Europa, confrontado com um mundo cínico, hipócrita e sedento de poder e vingança, depois de assaltado na sua última esperança, desiste de desactivar a bomba que lhe havia toldado o espírito e voltado a iluminar a alma (a certa altura vai tentar voltar atrás), para deixar acontecer a explosão. Morre afogado, em mais uma sequência em que o narrador nos tenta absorver para o local, contando até dez e deixando-nos antecipar a dolorosa morte - a contagem vai em 6 e já sentia aflição.