Por um lado, Guadagnino coordena a câmara de forma belíssima, criando travellings e zooms intensos, conjugados com uma montagem aflitiva e espreitadora (a perseguição; o esconderijo), captando com destreza ora as deslocações e a mera existência corporal da mulher, ora os seus olhos e os seus lábios sedentos de paixão. Por outro, a maior parte do tempo é dedicada à exploração insuficiente de relações e acontecimentos que quebram o ritmo do pecado crescente que ameaça (e muito bem) surgir, não tanto a nível visual (mas também), mas sim a nível de argumento.
Esta deveria ter sido uma história da queda de uma família em virtude de uma rendição aos sentimentos. E logo aqui, surge um problema. Falamos da rendição da mãe ou também de um filho e de uma filha ? As tais relações deficientemente exploradas - ou o seriam ou não lhes tocaríamos. É a história de uma mulher sensual, imersa em volúpia reprimida, que tem um mero affair, visualmente arrojado mas narrativamente banal. Banal porque está desestruturado, porque não se encaixa devidamente na sua entrada e muito pior na saída. A coincidência, o azar que leva à morte de Edo é um clichê mais que visto e que enganou quem o escreveu, se pensou que queria dizer que "as acções têm consequências" e, citando o poster do filme, que "nunca mais nada será igual".
Concordo. Eu nem acabei de ver o filme, achei-o muito banal e clichezado narrativamente e exasperadamente maneirista e estilistico, ou seja, muita parra e pouca uva eheh.
ReplyDeleteEu fiquei fascinado com o 'eye candy' do filme: guarda-roupa, produção artística, fotografia, edição, tudo a contribuir para um portento visual tremendo. E aquela banda sonora. John Adams combina perfeitamente na visão de Guadagnino.
ReplyDeleteA história, de facto, é como dizem: é medíocre. Não é um grande filme by no means, mas a subtileza e sofisticação dos pormenores são de apreciar e elogiar. Guadagnino sabe o que faz.
Cumprimentos!
Sabe sim senhor e certamente que verei o seu próximo trabalho.
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