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Saturday, August 20, 2011
Friday, April 22, 2011
Ruiz volta a filmar em Portugal - será desta ?
Na altura escrevi no blog sobre a minha grande expectativa em relação a "Mistérios de Lisboa", produzido por Paulo Branco, escrito por Carlos Saboga, protagonizado por portugueses, apesar de ser realizado pelo chileno - obra lusitana, portanto. Questionei-me sobre se não seria o nosso primeiro grande épico. Da mesma forma, também na altura própria, manifestei o meu grande desagrado em relação ao filme, com os argumentos que apresentei neste mesmo espaço.
Chegou à poucos dias a notícia de que Raul Ruíz voltará a filmar em Portugal, de novo sob a alçada de Branco (que entretanto também está de volta de "Cosmopolis", de Cronenberg), o filme de título "As Linhas de Torres Vedras", sobre as invasões francesas em Portugal. Será este o título original e terá como tradução inglesa "The Lines of Wellington", e contará com monstruoso (para a nossa realidade) orçamento de quatro milhões e meio de euros.
Volto a ter grande expectativa e volto a depositar neste filme a esperança que depositei no outro, que, ainda assim, foi bem recebido. Com tamanho orçamento, não há razão para não se fazer um grande filme e estou certo de que o realizador estará à altura. A minha grande dose de cepticismo vai, enfim, para o argumentista, o mesmo, que também escreveu "Milagre Segundo Salomé", cuja crítica também já aqui deixei. Espero que, no mínimo dos mínimos, se dedique a uma exaustiva pesquisa ao estilo kubrickiano.
Saturday, October 30, 2010
Mistérios de Lisboa (2010)
Classificado como um "épico português", vistos pequenos trechos de belíssimas imagens, lidas algumas citações da mais consagrada imprensa internacional (e até da nacional - "obra prima perfeita", para Mário Jorge Torres do Ípsilon), com a grandiosa duração de 4h30min, o que mais se podia esperar de Mistérios de Lisboa, que valeu ainda um prémio de Melhor Realização a Raúl Ruiz, que não uma obra magnífica ?
Uma obra nada magnífica. Os planos são muito bonitos, graças a uma fotografia lindíssima, com uns décors, uma luz e um guarda-roupa irrepreensíveis, com enquadramentos milimétricos e movimentos de câmara de uma fluidez enternecedora (adoro câmaras em movimento), que criam uma tridimensionalidade proporcionadora de um grande ambiente de época e uma dinâmica de bailado e suavidade, que vai contrastar com a (tentativa de) "freneticidade" dos sentimentos retratados.
Porém, não é (só isto) que faz um filme. Logo na área da realização, encontrei algumas falhas que considero graves e outras que, acreditando terem sido intenção do director, resultaram mal para mim.
Falo de uma cena, na festa em que uma das mulheres recebe um bilhete e desmaia, em que no establishing shot vemos muitas pessoas (e a existência de um grupo alargado é algo que se depreende intuitivamente), em que as quatro ou cinco personagens que interessam surgem de repente num bocado do salão, mas um grande bocado sem ninguém, dando uma noção de perfeito ensaio, tirando qualquer credibilidade ao plano. Ou falo das cenas em que era claríssimo que a música que passava (um ponto positivo do filme) era diferente da que os músicos tocavam no ecrã. Ou falo dos planos experimentais ou talvez não, em que João/Pedro está doente, e que em nada combinam com o resto do tom do filme. Ou falo da cena (esta insere-se naquelas que foram intenção mas de que não gostei) em que Alberto de Magalhães rasga o bilhete, num plano totalmente contra-picado, e, lá em cima, toda a gente olha, em roda, feitos parvos.
Passo, enfim, para aquilo que, a meu ver, torna este um filme bastante mau - a fotografia pode ser lindíssima, mas não se pode descurar o argumento, ainda que nem narrativo seja, mas sim simbólico ou poético. Quem se lembrar de ter lido, neste mesmo blog, uma crítica ao filme "Milagre Segundo Salomé", poderá ter uma espécie de deja vú. Será por estarmos a falar do mesmo argumentista ? Quem sabe.
Em primeiro lugar, uma telenovela autêntica. Não é totalmente culpa do guionista, mas sim do próprio Camilo Castelo Branco, que assim escreveu a sua obra. De qualquer forma, passado para cinema, é uma autêntica e completamente desinteressante telenovela. Ou seja, o que se passa é uma conjugação de uma série de acontecimentos relativos a um certo número de personagens aparentemente desconexas, cujos caminhos acabam por se ligar de forma inexplicável, inevitável (a ideia romântica do destino), inexorável (o eterno sofrimento que comportam) e irritantemente melodramática.
Em segundo lugar, e creio que isto tem mais a ver com preferências pessoais, é uma estrutura narrativa que nada aprecio - os chamados "folhetins". Episódios sem grande ligação, que só acabam por fazer certo sentido no final, com relações causa-efeito ora inexistentes, ora forçadas, ora simplesmente estúpidas e chatas.
Em terceiro lugar, a introdução de momentos pseudo-engraçados (os arrotes do pirata/Alberto; o criado deficiente; o Marco D'Almeida), que foram completamente escusados. Não tiveram qualquer tipo de piada e só tiraram ainda mais qualidade ao filme.
Em quarto lugar, para mim o ponto mais crítico do filme, já que é o único que considero "deprimente": os diálogos. Uma tristeza. E, aqui sim, tal e qual como em Salomé. Personagens, em pleno século 18 ou 19, que dizem coisas como "Que seca !", "Que horror, meu amigo !", que se tratam constantemente por tu, e muitas, muitas outras coisas de que nem me lembro. Confesso, e até me senti estranho com isso, que, aqui, mandei valentes gargalhadas.
Termino fazendo referência a mais um ponto negativo do filme: os actores. No geral, péssimas interpretações - louvadas excepções que faço a Adriano Luz, Maria João Bastos, Albano Jerónimo e Joana de Verona. Destaco as piores (pelo menos relacionando a prestação com a importância da personagem): vi Ricardo Pereira a fazer de Ricardo Pereira (esperava muito mais); vi Afonso Pimentel a fazer de Afonso Pimental (não esperava outra coisa); vi Margarida Vila-Nova a aparecer 30 segundos e a fazer o pior desmaio que vi no cinema (grande desilusão). Vazio.
Não deixem de ir ver o filme. A maior parte das pessoas com quem já falei sobre ele ou gostou ou adorou. Opiniões. O balanço que faço, no entanto, não poderá nunca ser positivo. O facto de terem sido 272 minutos só tornou a coisa mais entediante.
Porém, não é (só isto) que faz um filme. Logo na área da realização, encontrei algumas falhas que considero graves e outras que, acreditando terem sido intenção do director, resultaram mal para mim.
Falo de uma cena, na festa em que uma das mulheres recebe um bilhete e desmaia, em que no establishing shot vemos muitas pessoas (e a existência de um grupo alargado é algo que se depreende intuitivamente), em que as quatro ou cinco personagens que interessam surgem de repente num bocado do salão, mas um grande bocado sem ninguém, dando uma noção de perfeito ensaio, tirando qualquer credibilidade ao plano. Ou falo das cenas em que era claríssimo que a música que passava (um ponto positivo do filme) era diferente da que os músicos tocavam no ecrã. Ou falo dos planos experimentais ou talvez não, em que João/Pedro está doente, e que em nada combinam com o resto do tom do filme. Ou falo da cena (esta insere-se naquelas que foram intenção mas de que não gostei) em que Alberto de Magalhães rasga o bilhete, num plano totalmente contra-picado, e, lá em cima, toda a gente olha, em roda, feitos parvos.
Em primeiro lugar, uma telenovela autêntica. Não é totalmente culpa do guionista, mas sim do próprio Camilo Castelo Branco, que assim escreveu a sua obra. De qualquer forma, passado para cinema, é uma autêntica e completamente desinteressante telenovela. Ou seja, o que se passa é uma conjugação de uma série de acontecimentos relativos a um certo número de personagens aparentemente desconexas, cujos caminhos acabam por se ligar de forma inexplicável, inevitável (a ideia romântica do destino), inexorável (o eterno sofrimento que comportam) e irritantemente melodramática.
Em segundo lugar, e creio que isto tem mais a ver com preferências pessoais, é uma estrutura narrativa que nada aprecio - os chamados "folhetins". Episódios sem grande ligação, que só acabam por fazer certo sentido no final, com relações causa-efeito ora inexistentes, ora forçadas, ora simplesmente estúpidas e chatas.
Em terceiro lugar, a introdução de momentos pseudo-engraçados (os arrotes do pirata/Alberto; o criado deficiente; o Marco D'Almeida), que foram completamente escusados. Não tiveram qualquer tipo de piada e só tiraram ainda mais qualidade ao filme.
Em quarto lugar, para mim o ponto mais crítico do filme, já que é o único que considero "deprimente": os diálogos. Uma tristeza. E, aqui sim, tal e qual como em Salomé. Personagens, em pleno século 18 ou 19, que dizem coisas como "Que seca !", "Que horror, meu amigo !", que se tratam constantemente por tu, e muitas, muitas outras coisas de que nem me lembro. Confesso, e até me senti estranho com isso, que, aqui, mandei valentes gargalhadas.

Não deixem de ir ver o filme. A maior parte das pessoas com quem já falei sobre ele ou gostou ou adorou. Opiniões. O balanço que faço, no entanto, não poderá nunca ser positivo. O facto de terem sido 272 minutos só tornou a coisa mais entediante.
Saturday, September 25, 2010
Tuesday, September 21, 2010
Mistérios de Lisboa: um épico português ?



Paulo Branco e dois milhões e meio de euros, Raul Ruíz e quatro horas e meia pelos cenários de Sintra. Eis a nova grande produção portuguesa, a participar no Festival de Toronto e de San Sebastian, com estreia nacional e internacional assegurada. Alguns dos que já viram, em França, chamaram-lhe "uma obra prima". A ver vamos.
Site Oficial.
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