Showing posts with label Joseph Gordon Lewitt. Show all posts
Showing posts with label Joseph Gordon Lewitt. Show all posts

Saturday, July 24, 2010

Inception / A Origem (2010)

Foi longe da beleza visual de Fellini, da serenidade de Antonioni ou do surrealismo de Buñuel que vi aquela que me pareceu uma grande abordagem ao poder do sonho, desta vez com Christopher Nolan. Não sendo um filme que, como fazem as obras dos autores que mencionei, nos envolve de forma artisticamente crua e quase perfeita, é, como conjugação entre a exploração dos mistérios da condição humana e o puro entretenimento, fascinante.

A Origem é um thriller psicológico ao jeito do que já vimos no, para mim ainda superior Memento. Há a equipa dos bons, a (ou "as") equipa dos maus, há o plano, com muita acção, tiros, explosões e perseguições, há os previsíveis acidentes de percurso e há, concebida com uma originalidade desafiante, a controladora atmosfera psicanalítica. Uma viagem pelo mundo dos sonhos e pela sua representação, confusão e fusão com a realidade e pelo subconsciente, o mais profundo e impenetrável guardião de segredos que comporta a natureza humana e e a actividade cósmica, o núcleo fundamental da personalidade (o id de Freud), a origem de todas as ideias (o erro de Descartes ?).

Está sempre presente a intenção de vender o produto, de agradar às massas e daí que surja toda a clara trama hollywoodesca, um claro apelo ao pathos, como é evidenciado pela luta de Cobbs, que, ao contrário da sua equipa, não é apenas psicológica mas também emocional. Não é por isso que deixa de nos prender à cadeira, de nos impressionar pela fantasia em que vivemos ou pela sinceridade do sonho como fundamental meio de auto-conhecimento - o que é a realidade ?
A fotografia é belíssima, a começar pela imagem inicial do embate bruto das ondas contra as quase frágeis rochas, o mar que representa tudo aquilo que o Homem não sabe que é, e cujo vislumbre apenas faísca no limbo do ser e do não ser, da percepção e da ilusão, mas que nos envolve e erode de forma inevitável. Nota muito positiva para os efeitos poderosos da arquitectura dos sonhos e, especialmente, para uma montagem incrivelmente inteligente, emocionante, arrebatadora (como a cena inicial em que Cobbs é "empurrado" para a banheira e o que se passa no sonho), sempre acompanhada por uma música épica e uma câmara que pauta um ritmo ofegante e excitante.

Gostei das interpretações dos actores, especialmente das de Di Caprio e de Lewitt.

Monday, March 29, 2010

(500) Days of Summer (2009)


"Boy meets girl. Boy falls in love. Girl doesn't."

Depois de visto o filme, posso assegurar que é uma bela tagline; antes disso, juntamente com a informação sobre o género como sendo "uma comédia romântica", pode tornar-se pouco atractiva.

É, aliás, por aí que quero começar: não se entenda que é uma comédia romântica como aquelas a que estamos habituados a ver a um domingo à tarde (como aquelas com que o Ashton Kutcher nos costuma presentear). Nesses, a história gira basicamente à volta disto: 1) um homem e uma mulher estão profundamente apaixonados (sendo que, por vezes, ao início há uma certa hostilidade entre os dois); 2) a meio do filme há um turning point (provocado por um ex-marido, uma ex-namorada, a necessidade de mudar de cidade, um passado obscuro, por aí) e chega a fase da depressão/ódio (é aqui que, por vezes, acontecem certas situações que agravam a acidez da relação, coisa que só serve para dar mais hype ao ponto que se segue); 3) momento emocionante, com música emocionante, em que é prestada uma grande prova de amor; 4) fim.

Por isso, acho que a divisão que o IMDB faz é mais indicada: "Comédia/Drama/Romance".

A história é isto (e completando a frase com que comecei esta análise):

1. Rapaz (Joseph Gordon Levitt, como Tom Hansen) conhece rapariga (Zooey Deschanel, como Summer Finn).
2. Rapaz (acredita no amor e no destino) apaixona-se por rapariga (não acredita no amor nem no destino). Rapariga não se apaixona por rapaz.
3. Rapaz e rapariga são namorados. O que foi dito no ponto acima mantém-se.
4. Rapariga acaba tudo do nada - não gosta dele e não quer nada sério. Rapaz fica destroçado.
5. Rapaz esquece rapariga (deixa de acreditar no amor e no destino). Rapariga casa com outro rapaz (passa a acreditar no amor e no destino).
6. Rapaz segue com a sua vida e conhece uma rapariga chamada ... Autumn (Outono).

Uma frase que ilustra tudo isto que acabei de dizer faz, ela mesma, parte do guião do filme, logo nos segundos iniciais: "This is NOT a love story. This is a story ABOUT love."

É uma história engraçada, descontraída e que leva um rumo original e diferente. O final está particularmente pouco comum, mas sempre muito coerente. Depois tem umas piadas subtis, outras nem tanto, mas sempre muito bem concebidas. Gosto do modo como o filme é conduzido, andando para trás e para à frente, enquanto Tom desabafa com os amigos e com a irmãzinha.

Quanto aos actores, não achei o Joseph nada de especial. Já a Zooey, a primeira impressão é a de que passa muito despercebida; com a cara que está, parece que foi o "frete" filmar aquilo. No entanto, depois de pensar nisso à luz da história, fiquei a achar que era uma postura de "indiferença" que dá um toque especial à coisa.