Sunday, October 10, 2010
A Análise da Cena, no. 2: Táxi, clientes e existência
São dois pequenos minutos, belíssimos e hipnóticos. Uma cortina de fumo alaranjada camufla a noctura divagação nova-iorquina, sob um som pesado e autoritário, até estarmos olhos nos olhos com um apático Travis Bickle. Escorrer uma suave música jazzy e nightclubish, que começa por se fazer acompanhar por um vidro molhado, e já nos sentimos a andar num veículo melancólico, a uma velocidade simplesmente necessária, deambulante. Já o ambiente soturno está criado quando conseguimos, finalmente, ver a paisagem que discorre para lá dos vidros do táxi, que circula pelas eternas estradas da cidade que nunca dorme - lá fora, tudo é pastoso, sonolento e misterioso, pela beleza das imensas luzes e cores que se escondm no negro da madrugada. E é isto o filme. Uma desgraçada, deprimida e psicoticamente reprimida caminhada pela procura de uma identidade pessoal.
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É mesmo isso, João, é uma pequena amostra de todo o grande filme que vamos ver. Estou no mesmo barco que tu, quando dizes que é um dos teus inícios favoritos ;)
ReplyDeleteExcelente descrição de uma das mais hipnóticas cenas da história do cinema! Taxi Driver é isso, é o homem e o seu carro, o homem e o seu trabalho, a sua vida e a sua paranóia, Travis Bickle, aquele que regorgitou poesia sobre a noite sem fim. Sem dúvida arrepiante.
ReplyDelete"Loneliness has followed me my whole life. Everywhere. In bars, in cars, sidewalks, stores, everywhere. There's no escape. I'm God's lonely man... "
ReplyDeleteUma verdadeira introdução de mestre! Perturbador e demente, com a música e o ambiente a abrirem caminho para uma descida aos infernos...
Excelente texto! ;)
Excelente, excelente texto! Gostava de te pedir um pequeno favor, se não te importares, mas não encontro nenhum contacto por estes lados. Podes enviar um mail para notesonmyfilms@gmail.com, sff? Thanks ;)
ReplyDeleteMuito obrigado a todos ;)
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