Wednesday, March 17, 2010

Dead Poet's Society: "Carpe diem." (1989).



Está na hora de pôr umas rodas nisto. E parece-me bem, antes de começar com notícias e de me lançar nesta nova temporada cinematográfica, sempre com uns clássicos e uns old school pelo meio, dar a minha humilde opinião daquele que é um dos meus filmes favoritos: Dead Poet's Society (O Clube dos Poetas Mortos), 1989.

Escrito por Tom Schulman, actual Vice-Presidente da WGA (West), e realizado pelo australiano Peter Weir, o filme conta a história de um professor de literatura inglesa, numa escola secundária bastante conservadora (Robin Williams, como John Keating) que, através de uma metodologia de ensino muito pouco ortodoxa, luta por fazer brotar a criatividade, a cultura e a liberdade intelectual no espírito dos seus alunos. É o seu sucesso que dá nome ao filme, já que é Keating que motiva Neil Perry (Robert Sean Leonard, Wilson da série House MD), Todd Anderson (Ethan Awke), Knox Overstreet (Josh Charles), Charlie Dalton (Gale Hansen), entre outros, a fazerem reviver o secreto e místico clube de poesia do qual o professor havia feito parte.

Esta é, digamos, a main story. Paralelamente temos muitas outras (v.g. a relação entre Neil e o seu pai, extremamente conservador; o amor proibido entre Dalton e Gloria) que transmitem sempre a mesma mensagem, que foi, para mim, uma grande mensagem e muito bem transmitida: a valorização da liberdade intelectual, o cultivo de uma opinião crítica e de uma atitude pro-activa no combate ao sedentarismo ideológico e filosófico e aproveita a vida.

É uma história muito bem construída, com cada pormenor a contribuir para o tema fulcral do filme - um grande exemplo: ainda no início, Keating manda os alunos ler um texto aparentemente genial, de um PhD. qualquer, que adopta um método matemático de avaliação da poesia. E vai falando disso. Ao mesmo tempo, um dos alunos passa religiosamente tudo o que vai sendo escrito no quadro; até que o professor diz que está tudo errado e o mesmo aluno, sem piscar os olhos, risca imediatamente o que tem no caderno. Ou, como já referi algures em cima, a relação entre Neil e o seu pai - o primeiro, farto de ser impedido de realizar o seu sonho de representar, desobedece ao conservadorismo autoritário do segundo, sempre ciente das consequências; mas sempre ciente do que era certo - "aproveita o dia".

Neil, personagem que se assume com um grande relevo, para mim, sempre acompanhando a interpretação de Williams, acaba por se ver privado de tudo o que era importante para ele: os amigos, a poesia e o teatro. O fim é trágico (suicida-se), numa mensagem algo fatalista, mas é o que a torna firme e valiosa - num dia estamos cá, no outro já não. Carpe diem.

Não me quero alongar. Resta-me terminar dizendo que tem uma das mais intensas (arrepiei-me) cenas de cinema que já tive a oportunidade de ver (clicar) (nota: para sentirem o mesmo, ou algo próximo, não tenham dúvidas de que têm de ver o resto do filme primeiro).

Oh Captain, my captain.

1 comment:

  1. já sabia que seria essa a cena que irias colocar :) é mesmo comovente, a lição de "ver sempre as coisas de um ponto de vista mais alto, mais além, mais revolucionário". É espectacular todo o argumento e mensagem do filme :)

    ReplyDelete