Showing posts with label Roman Polanski. Show all posts
Showing posts with label Roman Polanski. Show all posts

Tuesday, May 22, 2012

Prada, by Roman Polanski

Beautiful.

Written by Roman Polanski and Ronald Harwood. Directed by Roman Polanski. Starring Ben Kingsley and Helena Bonham Carter. Photography by Eduardo Serra. Music by Alexandre Desplat.



Saturday, November 12, 2011

LEFFEST'11: Carnage (2011)

Yasmina Reza stepped into the stage a few minutes before the film started and summarized the story of her friendship and collaboration with Roman Polanski, with whom she adapted her play God of Carnage into the script Carnage which we were about to watch. Right there I considered I would probably like her to come back in the end to approach her style, dialog, structure, characters, work. In the end, I only wanted her to step back in order to feel that she was completely aware of the huge applause that burst as soon as the ending credits started rolling.

Many reviewers wrote that this is no more than a play taken to the screen with a brilliant casting in order to allow a massive audience to see it. To some extent, I think so. It is in fact a play, more than a script, for everything comes out of the dialog and the mimics. The conflict travels through the words of each parent, the beats come with reactions to each line, the emotional shifts and the character arch are due to precise words and their continuous lines of interpretation and response.

Polanski doesn't create the destructive feeling of impotence from The Pianist, nor the claustrophobic nausea from Repulsion. But this is a work of huge sensibility on how to put the camera, on how to frame a face and a word and on how and where to insert a reaction. Roman had to engineer a square of people in a room and make use of the great distinction between cinema and theater (the scales - remember how Griffith departed from Mélies and Porter ?) to convey the proper emotional journey of the two couples. Sometimes the framing is slanted, sometimes the camera is shaking. A stage won't give you that. Anyway, what makes this a very good movie is the script and the actors. I laughed all the way long, at each thirty or sixty seconds. Incredibly witty, very believable, extraordinary performances (Winslet was gorgeous). An intelligent satire to middle class and to contemporary politically correctness of human relationships, which specially by the setting reminds us of The Exterminating Angel by Buñuel. The ending, with Desplat's hithereto absent notes, is genios and hilarious.

Thursday, September 1, 2011

Polanski's "Carnage" looks brisk, crude and due cynical, although cast seems to deserve the major appraisal


"But the real battle in Roman Polanski's brisk, fitfully amusing adaptation of Yasmina Reza's popular play is a more formal clash between stage minimalism and screen naturalism, as this acid-drenched four-hander never shakes off a mannered, hermetic feel that consistently betrays its theatrical origins. Classy cast and pedigree should yield favorable specialty returns for the Sony Classics release, arriving Dec. 16 Stateside after its Venice and New York festival bows." (Justin Chang, Variety)

"s with his well-acted but somewhat embalmed 1994 adaptation of Ariel Dorfman’s “Death and the Maiden,” the director hasn’t broken a sweat trying to Polanskify material that speaks very much to his sensibilities in the first place — it’s not hard to imagine the beleaguered auteur filtering his own exasperation at the hypocrisies of the bourgeois moral police, however obliquely, through that of Reza." (Guy Lodge, In Contention, **1/2)

"he's right at home examining the venality of the human condition in the living room of the Brooklyn apartment that serves as the setting for Carnage. Snappy, nasty, deftly acted and perhaps the fastest paced film ever directed by a 78-year-old, this adaptation of Yasmina Reza's award-winning play God of Carnage fully delivers the laughs and savagery of the stage piece while entirely convincing as having been shot in New York, even though it was filmed in Paris for well-known reasons." (Todd McCarthy, The Hollywood Reporter)

"With this stealthy adaptation of the Yasmina Reza stage play, director Roman Polanski has rustled up a pitch-black farce of the charmless bourgeoisie that is indulgent, actorly and so unbearably tense I found myself gulping for air and praying for release. Hang on to your armrest and break out the scotch. These people are about to go off like Roman candles." (Xan Brooks, The Guardian, ****)

"Waltz, as the rudest man in the room, gets the best lines. It’s well-acted and giddily enjoyable, if slightly less so once the characters start to analyse their descent into barbarism." (David Gritten, The Telegraph ***)

Saturday, November 6, 2010

EFF'10: Primeiras curtas de Roman Polanski (1955-1961)


No final da primeira sessão do Estoril Film Festival a que o A Gente Não Vê assistiu, uma conclusão ergueu-se e fundamentou toda uma já construída opinião sobre o realizador polaco, Roman Polanski: é um génio desde, pelo menos, 1955.

Foram várias as curtas-metragens a que assisti e, enquanto que não houve nenhuma de que não tenha gostado, há duas que considero que são verdadeiramente extraordinárias: Bad Boy (Dois Homens e um Armário) e A Passer By (sem tradução).

A primeira conta a história de dois homens que encontram um armário banal, cuja única particularidade é ter um espelho incrustado, que se envolvem numa série de peripécias para tentar vender o seu achado, sempre sem sucesso, acabando por sofrer castigos físicos frutos do puro azar. Tem um certo tom cómico mas o drama é especialmente evidente na cena final, um paralelismo com a cena inicial (algo que se viria a tornar algo trademark, como as mãos a tocar piano, no início e no fim do The Pianist), em que voltam ao mar, para deixar o armário, acabando por desaparecer os dois, de repente, debaixo de uma onda. Adianto que estes breves minutos nos brindam com uma cena de puro génio cinematográfico, entre outras também muito boas: um homem está a ver-se ao espelho do armário - parece que finalmente alguém lhe descobriu uma utilidade. Porém, logo a seguir, mudam o armário de sítio e por trás do armário estava outro espelho - o homem não reage e continua simplesmente a ver-se ao novo espelho.

A segunda já emana Polanski. Durante um inverno frio (algo tão bem retratado), um velho arranja bonecas. As imagens são aterradoras - braços, pernas, corpos, olhos, caras sem olhos, nem boca, nem cabelo. Muitas sombras, projectadas por uma humilde lâmpada e ainda assim desfocadas pelo fumo de um cigarro. O cuco assustador dá o final do dia e o velho sai. Ainda menos luz, quando o dono da loja, do lado de fora, tapa as janelas com pedaços de madeira. Sussurros assustadores invadem a pequena sala (são as aterradoras bonecas) e tudo começa a arder. Lá fora, neva. As pessoas passam e, na noite, apenas se distinguem duas faixas de luz (do fogo), de dentro da loja, que não são tapadas pela madeira velha.

Thursday, August 19, 2010

The Ghost Writer / O Escritor Fantasma (2010)

A mestria do director não parece ter-se desvanecido nem turvado com todo o contexto em que volta a manifestar-se (a prisão domiciliária de Polanski), ou não fosse O Escritor Fantasma uma magnífica jornada pelos convencionalismos do thriller, algo feito de forma potencial e quase sempre alheia a clichés e conveniências narrativas.

A atmosfera é constantemente pesada, dura e avassaladora, com um céu de um cinzento carregado, a noite gélida e húmida, a chuva torrencial e crepitante, como o seu inimigo fogo. A fatalidade climatérica é uma fatalidade emocional, às quais se aliam os cenários perturbantemente fechados, isolados e distantes, do posto de de Adam Lang e equipa, da ilha, do barco, da casa de Paul Emmet. As transições entre uns e outros, o contraste com uma paisagem aberta e libertadora, mas ainda assim de cores mortas e com horizonte no mar, constroem uma incontornável conspiração entre mão do homem e a natureza, na confinação dos personagens a uma autêntica e omnipresente prisão psicológica e política


A câmara, ainda que não tanto como esperava e gostava, percorre connosco o trabalho, expressões, desconfianças, investigação e descobertas do fantasma (um delicioso pormenor - nunca chegamos a saber o nome da personagem protagonizada por Ewan McGregor), envolvendo-nos no mistério e na intriga, oferecendo-nos as peças para montarmos o puzzle, os recortes para fazermos o jornal, os dados para tirarmos as conclusões. A trama é intrincada e complexa, gentil no que toca a permitir-nos desconfiar de todos os interessados, em certo ponto; é reveladora, surpreendente e coerente com a inteligência que Roman permite ao espectador utilizar e faz-se acompanhar com óptima conjugação entre uma música ritmada, assertiva, alarmante e perfeita para momentos de suspense (que gostava que tivesse sido usada mais vezes) e o necessário som do silêncio, quase sempre no lugar certo.

Os minutos finais são passíveis de deixar qualquer audiência colada à cadeira, ao contarem com a solução que temos vindo a procurar desde o início e com duas grandes cenas finais - um close shot perseguidor do bilhetinho da revelação, com grande aumento da tensão e da expectativa (verdadeiramente thrilling) e o atropelamento, casual ou não, do homem que era uma pedra no sapato, como já o havia sido o seu antecessor, com as folhas do manuscrito a inundarem as frias ruas de londres - de quem são estas palavras ao vento ? Um mistério que, na estória para lá da que vemos, nunca será resolvido.

Notas para a excelente prestação de todo o elenco, com particular destaque para Ewan McGregor e Pierce Brosnan.

Sunday, June 20, 2010

Os Filmes dos Presidentes - Aníbal Cavaco Silva


Um retrato auto-biográfico que, a certa altura, deixa de o ser em relação ao pianista polaco Wladyslaw Sziplman para o passar a ser em relação à humanidade.

Na primeira parte da película assistimos à jornada da família do músico, despejada do seu lar, constantemente realojada em locais exclusivamente dedicados a judeus, durante dois anos de vida que fluem de forma estranhamente natural - a resistência colectiva não existe e a indignação individual rapidamente se conforma (v.g., a venda do piano), não havendo oposição ao obstáculo (tese-antídese), de onde se extraia a síntese. Uma continuidade pautada por cenas que vão do despertar da repulsa em nós, público, a uma aflição e horror pela total falta de limites em que mergulhou a crueldade humana na Europa Ocidental, num passado que tememos acontecer em todo e cada segundo, se existirem infinitos universos paralelos por unidade de tempo (v.g., o assassinato do velhinho de cadeira de rodas).

Este sentido acaba por conduzir todo o filme. Wladyslaw fica sozinho, enquanto toda a sua família apanha o comboio até à morte, mas não se emancipa nunca como herói. Não obstante os focos de resistência que acabam por surgir, Spzilman sempre caminha desleixado, sobrevivendo por sorte ou caridade, e nunca tentando ser um salvador. O cenário claustrofóbico dos bairros de judeus, a precariedade das vivências e da alimentação nunca deixam de acompanhar o músico quando este consegue fugir para o lado dos alemães. Um tempo sempre chuvoso, a saliência dos seus ossos, o cabelo desgrenhado e a barba desarranjada que vão surgindo, os edifícios completamente destruídos, as mortes arbitrárias que caem do céu, comandam um erguer de um desespero que roça a loucura e a demência, face à putrefacção a que o homem fora reduzido.

Quando voltamos aos bairros judeus, a caminhada é solitária, ladeada por destruição e com o infinito à frente, doentia, mesmo depois da cura pelo médico, húmida, fria e silenciosa. Depois de todo um retrato de tristeza, de incapacidade, de repulsa, de morte, do negrume em que se conseguiu embrulhar o homem, pelas mãos de Hitler, surge a esperança, a luz, o sorriso, a música. Ao longo de toda a película, Szpilman ameaça tocar o piano, veículo da beleza, da tranquilidade, da pausa, da firmeza, ainda que isso o denuncie e lhe custe a vida. Confrontado por um oficial Nazi, modela aquilo que nos surge quase como o mais bonito som do mundo. Deixa-se levar pelas notas redondas, doces, suaves e, com a simbologia de um raio de sol batendo-lhe na cara, parece voltar a fazer os sentimentos de humanidade, clemência e compaixão descer dos Céus e inundar a Terra.

Um retrato cruel, amargo e triste sobre o holocausto, que, no entanto, não nos quer deixar cair num sentimento de total vergonha do homem, porque sempre podemos escolher entre o bem e o mal (como fez Wilm Hosenfeld) e porque sempre haverá um raio e uma melodia de esperança.