Friday, November 19, 2010

The Social Network / A Rede Social (2010)


A minha crítica será muito curta, já que vou parafrasear João Samuel Neves, do nosso caro Dial P for Popcorn, com o qual concordo de tal maneira, que quis fazer das suas palavras as minhas. Acrescento algumas notas, no final.

"Há pessoas que são neutras. Nem demasiado boas nem demasiado más. Sem empolgarem mas também sem criarem ódios de estimação. Que passam e não são recordadas. The Social Network é um filme neutro. É um bom filme, um filme que vale os cinco euros dos bilhetes e que certamente levará ao rubro a disputa entre os três canais generalistas para o transmitir numa tarde de domingo. Mas não é, de perto, um grande filme. Eu gostei (melhor a segunda parte do que a primeira), mas não o coloco num altar nem tenho vontade de o rever. (...)"

Na verdade, A Rede Social abre com um diálogo brilhante, uma qualidade que vai pautar as restantes falas do filme. A personagem principal está extremamente bem desenvolvida e gostava de ver Eisenberg nos Óscares. A montagem fez um óptimo trabalho na captação do ritmo da acção, conjugando muito bem o rápido bater do teclado, a dicção acelerada dos empreendedores, o fulgor dos raciocínios. No entanto, apesar de reconhecer e sentir que os temas, ou, se houver, O Tema, estão lá (a amizade e lealdade contra a instrumentalidade da fama e da ganância; a integridade; a solidão intelectual e contemporânea, entre outros passíveis de interpretação), apesar de ver aqui um retrato cinematograficamente interessante do processo de gestão e marketing, no final, senti que pouco se tinha passado. Pareceu tudo de repente, despercebido, leve. Creio que, no meio de um conflito que vinha a ser bem construído, falta um climax que o complemente. E isso parece-me ser um problema de estrutura de argumento - as consequências de tudo o que se ia passando iam-nos sendo mostradas, em paralelo (o que, por si só, lhes tira impacto) e por diálogos, em vez de ser por imagens ou acções (tira-lhe encanto e mais impacto). Foi desvanecendo, o filme. É como se fossemos subindo, subindo, subindo e quando estamos mesmo a chegar lá cima, mandam-nos descer. Corre mal e é estranho. Não soa bem. É como diz o João, "neutro".

10 comments:

  1. Inicialmente não tinha muita curiosidade em ver "The Social Network" (mesmo com a assinatura de David Fincher, o filme não chamava por mim...). Quando estreou, até li algumas críticas bastante positivas...de algo que afinal seria muito mais que a mera história da criação do Facebook...e começou a despertar-me algum interesse...contudo, logo depois, vi também críticas de opinião contrária (inclusive essa do Dial D For PopCorn, que já tinha lido)...
    Concluindo, ainda não vi o filme :p e ainda não sei se o verei ou não...mas penso que lhe hei-de dar uma oportunidade ;)

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  2. Um bom termo. "Neutro". Concordo. É isso mesmo.

    Achei o mesmo e falei nisso no blog.

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  3. É exactamente essa a sensação que o filme deixa. É bom, mas falta ali qualquer coisa.

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  4. Interessantemente, eu adorei o filme. Adorei.

    Não tenho pejo em admitir que acho que é o filme mais completo e mais impressionante de David Fincher (sim, mesmo considerando Fight Club, Zodiac e Seven) e acho que as intepretações do trio principal são excepcionais. Considero o argumento um dos melhores do ano, possivelmente o melhor mesmo e no fim de contas, se for isto que ganhe o Óscar de Melhor Filme, ficarei contentíssimo e só me restará dizer: "it´s hard to argue with greatness".

    Percebo perfeitamente as críticas que o filme recebeu, mas eu consigo perdoar tudo.

    Porque um filme que tem uma fala como esta ("I think if your clients want to sit on my shoulders and call themselves tall, they have the right to give it a try - but there's no requirement that I enjoy sitting here listening to people lie. You have part of my attention - you have the minimum amount. The rest of my attention is back at the offices of Facebook, where my colleagues and I are doing things that no one in this room, including and especially your clients, are intellectually or creatively capable of doing.") merece todo e qualquer elogio que se possa dar.

    Um bónus: é que sou muito, muito mas mesmo MUITO parecido com a caracterização que Sorkin e Fincher fazem do sr. Mark Zuckerberg.


    Cumprimentos,

    Jorge Rodrigues
    Dial P For Popcorn


    P.S. - Obrigado Diogo pelo uso da nossa crítica ;)

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  5. JORGE: De facto, brilhante, esse pedaço de diálogo. Aliás, os diálogos, como disse no texto, estão magníficos. Mas, ao contrário de ti, e muito obrigado por teres partilhado a tua fundamentada opinião, não acho que o resto do argumento consiga acompanhar.

    Veremos, em Fevereiro. E obrigado eu ;)

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  6. Eu adorei, é dos meus favoritos do ano. Não me entusiasmou a ponto de o considerar melhor que o Fight Club como o Jorge, longe disso :P

    Mas é uma peça cinematográfica notável do realizador, das melhores.

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  7. LOOT: Discordamos. Sê muito bem-vindo ao A Gente Não Vê ;) Dei uma olhada pelos teus blogs e pareceu-me muito bem, já adicionei aos recomendados. No fim de semana vou explorar melhor o da BD x)

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  8. Obrigado e espero que gostes.

    Discordar também é sáudável :)

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  9. Sou tudo menos entendida em cinema, mas gosto imenso de um bom filme. E poso dizer que "The Social Network" me despertava bastante interesse, à umas semanas fui vê-lo e gostei imenso, principalmente de primeiro dialogo, assim como referis-te, pessoalmente achei-o quase genial e uma optima forma de começar tal filme! Mas nao posso concordar mais, o filme precisa "do momento", tal como dizes:- "É como se fossemos subindo, subindo, subindo e quando estamos mesmo a chegar lá cima, mandam-nos descer",para que em vez de descermos possamos apreciar a vista do cimo da montanha que demoramos a subir!

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  10. CAROL: É isso mesmo. Sê muito bem-vinda ao A Gente Não Vê ;)

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