Friday, December 31, 2010

Feliz 2011

Balanço 2010


OS MELHORES FILMES DO ANO
Ao contrário do que se passa na maior parte da blogosfera, por me guiar sempre pela primeira estreia de cada filme, esperarei até à estreia comercial em Portugal de vários filmes de 2010, para fazer este top. Isto porque reconheço em muitos deles potencial para entrar na lista.

Os títulos que se seguem são referentes já não a uma "época cinematográfica" mas sim, exactamente, ao meu ano de 2010, a ver filmes, quaisquer que tenham sido.


A MAIOR SURPRESA
Dogtooth / Canino (2009)


A MAIOR DESILUSÃO
Cinema Português


A MELHOR DESCOBERTA
Abbas Kiarostami


A PIOR DESCOBERTA
João Pedro Rodrigues

Thursday, December 30, 2010

Burnt by the Sun / Sol Enganador (1993)

Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e do Grande Prémio do Júri de Cannes em 1994, Sol Enganador, de Nikita Mikhalov, que viu sair uma recente sequela que acabaria por se tornar o maior flop cinematográfico russo de sempre, é uma trama familiar, amorosa e político-ideológica absolutamente extraordinária.

Ao início são-nos despoletadas as considerações pela personagem principal, grande militar, um herói da Revolução de Outubro. A centelha política estava lançada.

Rapidamente o ambiente volta ao da sauna inicial, aos prados e às águas maravilhosas daquele outrora Império, a uma casa grande e cheia de pessoas, amizade e cumplicidade. Mas partíamos para noventa minutos de conflito familiar e amoroso, ou assim se adivinhava. Na verdade, nada se desequilibra na relação de Kotov com os seus tios, avós, primos, tudo é belo com a sua adorável filha, Nadya. A câmara aprofunda todas as divisões e localiza todos eles na sua diversidade de actuações. Uma distância q.b. . Até que chega Mitya, um personagem enigmático, incrivelmente profundo nas dúvidas que provoca quanto ao seu carácter, desde início. Os olhares e gestos, a pequena escapadela que troca com Marusia, mulher do General Kotov, tornam óbvia a passada história entre ambos; a traição iminente.

Com um argumento recheado de subtilezas nos diálogos, Mitya conta, à mesa, uma história a Nadya, uma lenda, um mito, que é obviamente a história entre ele, a sua amada e marido dela. Podíamos estar no registo telenovelesco, não fossem os contornos políticos começarem a surgir nas cenas seguintes, onde juntamos as peças da história verdadeira, onde enfrentamos a histeria de uma mulher envolvida num escândalo que só poderia ser mais do que pessoal. A trama dá o salto da traição carnal e emocional para a traição da pátria, no seu domínio prático (a espionagem) e teórico (a ideologia, que era a pátria soviética) e, nos últimos trinta minutos, eis que surge a história principal, belíssimamente cimentada pelo que se foi passando antes, numa transição de níveis de conflito incrivelmente engenhosa.

Kotov fora arquitecto com Estaline e arrastara Mitya das suas crenças Brancas, em 1923, altura em que ainda Marusia lhe pertencia, ingénuo defensor do czarismo (paralelo com a história contada a Nadya). Por uma mulher ou pela defesa de uma causa ? Passaram 13 anos, a idade aproximada da menina. Será ela filha de um amor ou de uma intransigência de ideais ? Ao aproximarmo-nos do climax, Kotov é acusado de espionagem para os alemães, num engenhoso plano por Mitya, cujo revestimento das motivações volta a balançar nos mesmos extremos: por uma mulher ou pela defesa de uma causa, a que ele agora já se converteu ?

Um dos planos finais é poderosíssimo e segue o plano rápido dedicado à fotografia daqueles que no início apelidei de arquitectos. Um balão com um gigante pano envergando o rosto de Estaline. Kotov tinha acabado de ser espancado, numa cena em que só vimos os agressores, em que só vimos o carro em plano geral, a afastar-se, como se nos houvéssemos esquecido dele. Até que, de repente, vemos a sua cara, sangrada e batida, num grande plano. Olha para as fuziladoras feições do chefe dos Vermelhos e compreende que também ele está no ciclo.

Que ciclo ? Bem sabemos como Estaline tinha o gosto em ir eliminando aqueles que lhe eram muito próximos. Mitya e Kotov, mais do que vítimas do amor por uma mulher, vítimas de um regime. Baseado numa história real, Marusia viria a morrer num Gulag, Mitya viria a suicidar-se (como acontece no filme e como engenhosamente o prevemos no início) e Nadya é professora de piano no Cazaquistão.

Como colocar todos os filmes maus na lista de melhores do ano?

A resposta é simples e o sapo.pt soube fazê-lo. Não sei se é uma genuína brincadeira, um exercício de marketing, ou falta de sensibilidade. A verdade é que há categorias como "Melhor Filme de Vampiros Adolescentes" e "Maior Concentração de Brutamontes por Frame". Saibam mais, aqui.

Friday, December 24, 2010

Feliz Natal

A Análise da Cena, no. 4 - a crise de identidade

Professione: Reporter, Michaelangelo Antonioni (1975)

Num filme marcado por alguns dos mais belíssimos movimentos de câmara a que já assisti, esta cena final comporta o melhor de todos. Sete ininterruptos minutos de uma viagem por tudo o que nos foi contado, por todo o tema que foi desenvolvido - a crise de identidade de um homem fugido, escondido noutro, sem sabermos porquê (apenas por isto peca o filme). Sem artifícios de montagem, sem manipular o tempo, confinados à realidade dos próprios segundos, divagamos por dentro e por fora; ora está, ora não está; ora vivo; ora morto. Como todo o filme. Escapou debaixo dos nossos olhos, numa extraordinária atmosfera de mistério e suspense.

Wednesday, December 22, 2010

Saturday, December 18, 2010

O Cinema e a Moda: Badlands / Novios Sangrentos (1973)

É só consultarem o que a Bouttique tem para vos dizer, numa interessantíssima análise à forma como Malick conjugou o guarda-roupa dos dois rebeldes com a sua posição face à vida.

Thursday, December 16, 2010

O trailer de Tree of Life, Terrence Malick (2011)


Aí está o trailer do tão ansiado, aguardado e adiado filme do realizador de baixo ritmo. A estrear em Cannes, promete mundos e fundos - estes dois minutos são belíssimos, estonteantes, avassaladores.

Não posso deixar de contar uma curiosidade. Ainda há coisa de uma semana, eu e o Pedro Cabeleira (Estúpido Maestro) teorizávamos sobre o problema de não haver nenhum filme com a grande Moldava, de Smetana. E agora, veja-se, aí está ele. Lá se vai a nossa oportunidade de primogeneidade.

Wednesday, December 15, 2010

10 for the Oscars, Oscars for 10 - Os resultados dos Globos de Ouro

Aí está a tabela dos resultados das apostas das nomeações. Verdadeiramente equilibrado.
Para mais detalhes, Dial P for Popcorn.

Tuesday, December 14, 2010

10 for the Oscars, Oscars for 10 - Uma iniciativa Dial P for Popcorn

"O Dial P For Popcorn tem o orgulho de vos trazer esta nova iniciativa/cooperação interblogues, de seu nome "10 for the Oscars, Oscars for 10", uma série de meetings entre amigos e, por sinal, cinéfilos fidelíssimos, com o intuito de discutir tudo relacionado com Óscares, cerimónias, precursores, méritos e falhanços da temporada cinematográfica de 2010. Esperemos que além de informativo e interactivo isto nos sirva e vos sirva de alguma coisa."


10 for the Oscars, Oscars for 10, uma original iniciativa do nosso caro Dial P for Popcorn, conta com a participação de 10 bloggers, de seis blogs: Jorge Rodrigues e Samuel Neves (Dial P for Popcorn), Diogo Figueira (A Gente Não Vê), Tiago Ramos e Ana Alexandre (Split Screen), Roberto Simões (Cineroad) e Samuel Neves (Keyzer Soze's).

Antes de mais, foi com grande honra que recebi o convite e foi com muito contentamento que o aceitei, com já fiz saber directamente aos engenheiros deste novo projecto.

A primeira edição consistiu numa discussão sobre os nossos desejos pessoais e particulares na cerimónia dos Óscares (Quem gostaríamos, particularmente, de ver ganhar) e nas nossas previsões para os nomeados de algumas categorias dos Globos de Ouro, que foram hoje divulgadas.

Quanto à primeira questão, o AGNV respondeu: Eduardo Serra, na Fotografia, e Shutter Island no Melhor Filme.

Quanto à segunda, eis as minhas apostas (a laranja, as apostas certas):


MELHOR FILME COMÉDIA/MUSICAL
Somewhere
Due Date
Burlesque
The Kids Are Alright
Morning Glory


MELHOR FILME DRAMA
The Social Network
Winter’s Bone
The King’s Speech
127 Hours
Inception


MELHOR ACTOR PRINCIPAL COMÉDIA/MUSICAL E DRAMA

Comédia
Jake Gyllenhall (Love and Other Drugs)
Robert Downey Jr. (Due Date)
Zack Galifianakis (Due Date)
Mark Whalberg (The Other Guys)
Stanley Tucci (Burlesque)

Drama
Colin Firth (The King’s Speech)
Leonardo DiCaprio (Inception)
James Franco (127 Hours)
Jesse Eisenberg (The Social Network)

Ryan Gosling (Blue Valentine)



MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL COMÉDIA/MUSICAL E DRAMA

Comédia
Annete Bening (The Kids Are Alright)
Juliane Moore (The Kids Are Alright)
Anne Hathaway (Love and Other Drugs)

Rachel McAdams (Morning Glory)
Julia Roberts (Eat, Pray Love)

Drama
Jennifer Lawrence (Winter’s Bone)
Nicole Kidman (Rabbit Hole)

Natalie Portman (Black Swan)

Michelle Williams (Blue Valentine)

Hillary Swank (Conviction)


MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Mark Ruffalo (The Kids Are Alright)
Geofrey Rush (The King's Speech)
Christian Bale (The Fighter)
Justin Timberlake (The Social Network)
Andrew Garfield (The Social Network)


MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Mila Kunis (Black Swan)
Marion Cotillard (Inception)
Helena Bonham Carter (The King's Speech)
Keira Knightley (Never Let Me Go)
Amy Adams (The Figther)

No total, balanço positivo, com 23 apostas certas, em 40.

Depois de vos convidar a visitarem os artigos desta nossa primeira reunião (parte 1; parte 2), com as apostas e considerações de todos os intervenientes (inclusivé excertos da discussão), podem, aqui, consultar os nomeado, divulgados hoje. As maiores surpresas, para mim, foram a nomeação de Black Swan (e muito contente fiquei com isso), a nomeação de Alice e Red (não vi nenhum; conheço as críticas a Alice e duvido que Red seja interessante) e a não nomeação de 127H e Leonardo DiCaprio.

Sunday, December 12, 2010

Darren Aronofsky - Top Filmografia

A cada dia que passa estamos um dia mais perto de ver estrear em terras lusitanas o badaladíssimo Black Swan, o ballet-thriller de Aronofsky que conta com Natalie Portman e Mila Kunis. Já conheço a premissa, já vi o trailer, já vi posters, já li entrevistas (convido-vos a lerem esta), e duvido que pudesse estar mais ansioso.

Achei, por isso, que estava na altura de fazer o meu balanço sobre a curta filmografia do "jovem" realizador, um dos meus favoritos, uma autêntica referência. Não sei se será por ainda ter feito poucos filmes ou não, mas não há um que eu coloque a baixo de "muito bom".


4. PI: FAITH IN CHAOS (1998)
Um dos membros daquele grupo de filmes a que se pode chamar de "primeiras grandes longas-metragens". É o primeiro mergulho no tratamento dos comportamentos mais obsessivos do ser humano, tema que vem a pautar toda a cinematografia do realizador até agora: aqui e em Requiem com a psicose e as drogas, em The Fountain com a morte, em The Wrestler com o wrestling e a companhia, em Black Swan com a perfeição. Aliás, é de um engendrar perfeito, a visualização deste filme e do seu segundo, seguidos - já aqui está a montagem frenética, ofegante, ansiosa, que distorce o tempo em que o impulso do vício toma conta das personagens. Há mais preto e cinzentos que branco, e é assim que retrata uma perturbação mecânica, analítica de um homem que ora está fechado, ora anda em círculos. Ou não fosse o seu problema precisamente a matemática, que, quer ele provar, funda a vida e a existência. Um crescendo do estudo e das descobertas muito bem construído, acompanhado pelo visível aumento do ritmo da sua insanidade e fraqueza em agarrar-se à realidade cujo fundamento procura desvendar. Uma câmara dinâmica e oblíqua faz-nos entrar nesta espiral de acontecimentos, dores e números. O final é extraordinário: um homem por fim feliz, esquecido, que abandonou de vez a inifinitabilidade do universo, que nunca poderia compreender.


3. THE FOUNTAIN / O ÚLTIMO CAPÍTULO (2006)
O seu argumento mais complexo, a sua concepção mais ousada. Três histórias de um homem e uma mulher, que são também três homens e três mulheres, que são também todos os homens e todas as mulheres, incluindo Adão e Eva. É incrível a forma como liga uma o passado ao presente e ao futuro através de saltos cronológicos cheios de paralelismos e simbologias como, de todas as vezes que chega a um dos sítios, ameaça ter-nos mentido, ao estabelecer novas conexões entre tudo, que desta vez seguem uma lógica simplesmente metafísica e sonhada - será que alguma daquelas história realmente aconteceu ? Qual delas ? Quais delas ? Será que se misturam ? Aqui a obsessão é a da morte, de um homem que quer a vida eterna para si e para a sua Rainha, de outros dois que querem a ressurreição da sua amada. Ciência e religião reunem-se como os dois bastiões da significação dos propósitos da nossa estadia neste mundo. Porém, se em Pi Aronofsky prima a redenção, aqui condena a ambição e quem nos mata é a própria árvore da vida, que é como quem diz, nós próprios. Visualmente, é um autêntico magistério dos sentidos, poderoso, vistoso, tão bonito como imaginamos ser a metafísica de quaisquer que sejam os nossos costumes.


2. THE WRESTLER / O WRESTLER (2008)
Uma viagem séria, compenetrada e incrivelmente bem estudada pelo mundo do wrestling faz com que Aronofsky crie um filme sobre um conflito interno de um só homem de forma extraordinária; do melhor do género, do que tenho visto. Aqui, a obsessão é criada de forma muito mais serena e sóbria do que nos três casos anteriores. A evolução é calma e é-nos dado, não s+o possibilidade mas também função, para tomar nos braços aquela extensão de tempo que o cobre de solidão e melancolia, de pobreza de perspectivas, de nostalgia das vivências que se vão diluindo. Sendo uma obsessão pelo wrestling, é uma obsessão por se ser alguém e por ter alguém. A interpretação de Rourke é extraordinária e complementa todo o trabalho do argumento em desenvolver com uma coerência e dramaticidade enormes a evolução dos dilemas da sua pobre alma. Conhecemos os seus profundos problemas, a sua passividade, a sua reacção à passividade, a inevitabilidade da queda, a resignação. Por fim, a revolta, o esgar de integridade. Um momento de auto-destruição que já se adivinhava, mas que surge de forma surpreendente, ao consumar e resultar do melhor que a vida arruinada conseguiu comportar.


1. REQUIEM FOR A DREAM /A VIDA NÃO É UM SONHO (2000)
Link para a crítica, escrita a 31 de Agosto de 2010.

Saturday, December 11, 2010

Cento e Dois Anos

Ainda com vários projectos em mente e em desenvolvimento, um dos cineastas mais emblemáticos de sempre, tão nacional como o seu apelido, faz hoje 102 anos. Um orgulho para o país, para a arte, para a área, para os profissionais. E, enfim, um exemplo para qualquer um.
Muitos parabéns, Oliveira.

Friday, December 10, 2010

Sunday, December 5, 2010

Jaws volta a acontecer

Mas a sério.

"Os biólogos egípcios apanharam e mataram o tubarão errado pelo ataque a quatro turistas no Mar Vermelho. O animal responsável pelos ataques voltou a atacar, hoje, domingo, matou uma turista alemã e continua ao largo da costa, avisaram as autoridades." (Jornal de Notícias Online)

Vencedores dos TCN Blog Awards 2010

Um serão divertido, com piadas e coisas sérias, com subidas de escadas com sucesso e degraus traiçoeiros, com bons vídeos roubados do youtube, com prémios para os vencedores e prendas para os sortudos, enfim, eis que se materializou a iniciativa do Cinema Notebook, este ano apoiado pelas revistas de cinema TAKE e Magazine HD. Diga-se que é bastante interessante ficar a conhecer as caras de quem apenas conhecemos a escrita. Bem: que balanço tão positivo !

Para já, fiquem com a lista de vencedores. Em breve, o Cinema Notebook disponibilizará fotos, vídeos e os resultados de todas as votações.

Antes de mais, reitero o meu agradecimento pessoal ao Miguel, por esta excelente iniciativa, congratulo-o pela organização e incentivo-o a continuar com o projecto.

E depois, parabéns a todos os nomeados e vencedores e obrigado a todos os que votaram no A Gente Não Vê.


MELHOR BLOG INDIVIDUAL DE CINEMA/TV
Cineblog

MELHOR NOVO BLOG DE CINEMA/TV
Dial P for Popcorn

MELHOR BLOG COLECTIVO DE CINEMA/TV
TV Dependente

BLOGGER DO ANO DE CINEMA
Nuno Reis (Antestreia)

MELHOR INICIATIVA CINEMA/TV
Encontro de Bloggers no Fantasporto (Nuno Reis - Antestreia)

Saturday, December 4, 2010

É hoje !

Friday, December 3, 2010

Fá-las curtas !

Do site do Público:

"De acordo com Jorge Wemans, director de programas da RTP2, trata-se de um concurso inédito em Portugal, inspirado num modelo canadiano (Fait ça courts no original), que será apresentado “tipo taça de Portugal”, começando com 16 equipas que concorrem umas contra as outras, em pares, que se vão apurando sucessivamente como se fosse para os quartos de final, meia final e final.

Os telespectadores serão conduzidos pela actriz e apresentadora Filomena Cautela através dos bastidores da rodagem de cada curta, revelando em estilo “making of” todos os passos dados pelas duplas de argumentistas e realizadores até ao produto final.

Cada programa acompanha duas equipas em competição, mostrando a forma como trabalharam e as curtas-metragens que realizaram.

Para realizar os filmes, os jovens concorrentes contam com todos os meios necessários fornecidos pela organização, desde equipamento, a cenários, passando pelos actores, mas têm de cumprir determinadas regras para se manterem em concurso.

As duplas têm três dias para preparar e finalizar cada curta-metragem, que terá uma duração de dois a três minutos.

“No primeiro dia tomam conhecimento do cenário (igual para as duas duplas a concurso em cada programa) e dos atores com quem vão trabalhar. Nesse mesmo dia escrevem o guião para filmarem no dia seguinte. No último dia editam as imagens”, explicou António Borga, da produtora responsável pelo concurso, a Valentim de Carvalho.

Para realizar os filmes, os concorrentes contam com todos os meios necessários fornecidos pela organização, desde equipamento a cenários, passando pelos actores.

Entre os atores que irão participar nas curtas-metragens estão Filipe Duarte, Catarina Wallenstein, André Gago, Sandra Celas, Gonçalo Waddington, Vítor Norte, São José Correia e Cucha Carvalheiro, que, segundo António Borga, “têm aderido entusiasticamente a esta ideia”.

O júri que irá avaliar semanalmente os trabalhos das duplas é constituído por dois realizadores: Joaquim Leitão e João Garção Borges.

As 16 equipas concorrentes já foram escolhidas, a partir de 78 candidaturas aceites, e durante o concurso serão submetidas à avaliação de um júri, que determinará quais as que seguem em frente e quais as que ficam para trás.

Um dos grandes objectivos deste programa, segundo Jorge Wemans, é promover a realização de curtas-metragens em Portugal, um desígnio que a RTP2 tem vindo já a cumprir com o programa Onda Curta."

Tuesday, November 30, 2010

Novidades sobre The Hobbit

Só grandes notícias para os fãs da saga, que vou tentar expor quase por tópicos.

Howard Shore, que magistralmente compôs a banda sonora dos três primeiros filmes estará de volta para as nossas viagens ao Shire nos próximos anos.

Já podemos conhecer algumas das modificações levadas a cabo na Nova Zelândia, para a criação dos devidos décors (cliquem aqui).

Peter Jackson será o primeiro realizador a filmar com as novíssimas câmaras EPIC, que gravam em HDx, uma qualidade superior ao HD (pode chegar aos 9334x7000 pixels) e filmam até 128 frames por segundo. Se quiserem saber quantas destas irão ser utilizadas ... Trinta !

Saturday, November 27, 2010

Dogtooth / Canino (2009)


"Quando o teu canino direito cair, podes sair de casa em segurança. Ou o esquerdo. Não faz diferença.". É em pleno açoite ao patinho mais feio da Europa dos 27, por parte dos mercados internacionais e do próprio FMI, que surge um dos melhores filmes não só do ano mas dos últimos anos.

Canino, do jovem realizador Yorgos Lanthimos, é um estudo filosófico, sociológico e antropológico, mangificamente bem conduzido, sobre a condição humana: a eterna dicotomia entre a prisão física, intelectual e sentimental e os puros instintos de as combater, a aflição da sobrevivência. Algo inevitável e inafastável - a propulsora curiosidade e sede de conhecimento do Homem, que o tem feito sair do escuro e das trevas, século após século. Um hino a algumas das reflexões mais profundas que a nossa espécie alguma vez fez, desde a originária, magoada e revoltada Alegoria da Caverna, de Platão, à bicuda e cáustica intervenção iluminista de Kant.

A câmara surge, desde início, tão autista como as personagens - os planos em que apenas as enquadramos da cintura para baixo, com as suas pernas e pés em foco, os enquadramentos das suas expressões de forma desajustada, irregular, cortada. A própria é, além disso, distante. São muito pouco utilizadas as grandes escalas e seguimos toda a acção como se uma barreira nos separasse, quem sabe a mesma barreira que circunscreve o espaço do filme.

O argumento é brilhante, com uma narrativa inteligente e sagaz, que na passividade inconsciente das personagens em combater a sua condição, cria uma progressiva evolução em direcção à questionabilidade, ao arriscar, ao espreitar, a um soltar de amarras e aflitivas correias. Várias pistas vão sendo deixadas ao longo dos noventa minutos sobre o estado momentâneo daquela família e dos cliques de nova fase que ameaçam surgir - como a associação que fazemos entre uma cena inicial, em que os filhos discutem sobre quem ficará com o avião se este cair, e uma cena mais tardia, em que a mãe deixa cair um avião de brincar, numa diferença que as "crianças" não sabem distinguir. Ou uma primeira fase, em que uma das filhas apenas espreita para dentro do quarto enquanto a mãe fala ao telefone, para uma segunda fase em que discute isso com a irmã, para uma terceira fase em que ela própria avança clandestina na direcção do misterioso objecto.


Uma jornada que segue a vida de três filhos já adultos que sofrem uma educação condicionada (a caverna), que lhes tolda o significado da vida: o significado do berço (dar à luz é um instrumento de manipulação e estratégia); o significado das palavras (enfraquece a essência linguística da comunicabilidade); o significado do corpo (do amor, do sexo, do gesto, do movimento); o significado da moral (o incesto, o paralelismo com os cães, em sons e acções); o significado dos sentimentos (da liberdade, da afecção).

Um minimalismo luminoso e esbranquiçado, silencioso e enclausurante, que nos transporta para um final cuja continuação não sabemos se queremos ver, já que daí resultará a restrição perpétua, castigo da revolução, ou, enfim, a luz e harmonia no alcance de novas realidades, como o admirável voo do avião que nunca cai.

Sunday, November 21, 2010

Harry Potter and the Deathly Hallows- Parte 1 (2010)

Há duas coisas que sempre vão toldando a expectativa com que vou vendo os filmes, um por um, um após o outro, ano após ano: a por vezes inconsciente ânsia de ver numa tela o fantástico mundo que ocupa um lugar de ouro no meu universo imaginário e os trailers, sempre tão bem feitos, que fazem fazem parecer tal evento um acontecimento gigante e glorioso. Tem sido por isso que, desde há dez anos, venho saindo cada vez mais desiludido da sala de cinema, cabisbaixo, irritado com o tratamento que vem dando às coisas.

Apesar de ontem não ter assistido a nada perfeito, estou muito contente por poder dizer: até hoje.

Em termos de adaptação literária, com alívio por fazerem um filme de duas partes e pena por não o fazerem com cinco ou seis, não consegue deixar de pecar por ter de abarcar uma monstruosidade de histórias, historinhas, lendas, mitos, descobertas, de e para tantos personagens diferentes, em tantos locais diferentes, com tantas coisas paralelas a acontecer. Continuo a insistir que Severus Snape é uma peça fundamental em toda a história, principalmente nos últimos dois livros, sendo que só apareceu uma vez, durante um minuto (segue as opções do sexto filme, que lhe tirou qualquer protagonismo, que poderia utilizar agora). Na verdade, acho que mesmo em termos cinematográficos teria contribuído para a atmosfera mais adulta e terrorífica que este volume adquiriu, deixando para trás as réstias do carimbo de filme juvenil que ainda o marcavam muito.

Sendo impossível contornar esta insuficiência de argumento, a diferença para com os outros filmes é o facto deste conseguir introduzir, fora Snape, tanto quanto é essencial e motivador das acções, percursos e relações dos três jovens feiticeiros. Se em "Harry Potter e o Príncipe Misterioso" há uma frustradíssima tentativa de pegar no aspecto humano da equipa, nomeadamente através do amor entre Ron e Hermione e entre Harry e Ginny, aqui é com grande sucesso que Yates revela os laços do trio como grande força motriz para Harry e para toda a restante empresa. Não descura o fantástico da magia e imprime uma maior carga psicológica nas próprias personagens, algo que até então nunca tinha saltado dos livros. Na verdade, o realizador consegue uma montagem manipuladora, grande condensadora temporal, que lhe permite enveredar por esses caminhos e ainda assim ter espaço para comunicar ao espectador as pistas sem as quais não existira sequer história.

Quem também merece grande destaque é o nosso caro Eduardo Serra. Não tenho dúvidas de que o verdadeiro ponto forte do filme é a belíssima imagem, que não se resigna a essa classificação, impondo-se também como uma imagem inteligente. Grandes e fabulosas são as paisagens a que recorre Yates, mas todas elas surgem com sentido, com uma contribuição avassaladora para o progredir narrativo e para complementar o estado de espírito das personagens. Quando a isto se acrescentam dispositivos de direcção que nunca tinha visto serem usados num filme de Harry Potter, como a steadicam tremida que lhe confere um rasgo de realismo imediato, os extraordinários desenhos com que é contada a História dos Três Irmãos ou a cena completamente forjada e improvisada da dança entre Harry e Hermione, que acabo por ver como crucial, só posso fazer um balanço muito positivo.

Os efeitos especiais, feitos pelos melhores do mundo, são inafastáveis, de tão extraordinários que são, em todas as cenas a que a eles se recorra. O sector artístico está lá e está lá muito bem, fazendo um grande complemento à bonita fotografia que referi. A música, que desta vez passa bem mais despercebida, apesar de vir de Desplat, consegue criar o ambiente a que se propõe - de qualquer forma, podia ter dado ainda mais força ao filme.

Notas finais para os actores. Deliciosos momentos de humor, especialmente a cargo dos irmãos Phelps (os gémeos), Ruper Grint (Ron) e Toby Jones (Dobby). Emma Watson, melhor do que nunca, rouba completamente a cena do retorno de Ron e faz, pela primeira vez em dez anos, verdadeiro jus à personagem (depois de andar sempre lá perto) e afirma-a como uma das mais incríveis e importantes da história.

Por agora, vou esperar por Julho para tecer considerações mais completas, já que as duas partes formarão um só filme, altura em que não evitarei dissertar sobre os sete, fruto da nostalgia que me irá assolar o espírito.

Enfim, senhoras e senhores, Harry Potter e os Talismãs da Morte traz o primeiro troféu de óptimo filme, para a saga.